terça-feira, 19 de maio de 2020

CONVERSANDO


Somerset Maugham colocou no seu romance O Mundo é Pequeno esta epígrafe:

«É, pois curta a vida do homem e estreito o canto da terra onde ele vive.»

Não tem indicação de autor, e até poderá ser do próprio Somerset Maugham.

Os governantes vão-nos dizendo que, aos poucos, podemos regressar aos nossos quotidianos.

Mas há tantas limitações!...

Não consigo ver como se pode viver assim…

E há o medo… sobretudo o medo…

O Jorge Silva Melo, como só ele sabe escrever (o texto completo pode encontrá-lo em Coffeepaste), mostra-nos as dificuldades que há nestas tentativa de viver… normalmente…

«Os teatros podem abrir daqui por uns dias, sim.

Mas serão teatros?

Ou só umas fachadas a fingir que vivemos “normalmente”?

Pode haver teatros se não há cidade? E a cidade – que nestes últimos anos de cruzeiros à porta morria da desenfreada especulação e se desertificava – não foi isso que morreu?

Pode haver cidade se não houver abraços?

Vivi a minha adolescência numa cidade – Lisboa – onde era proibido beijarmo-nos na rua. E sonhava com Paris onde os “os rapazes e raparigas da minha idade / caminhavam a dois e dois/ e sabiam o que era ser feliz / e de olhos nos olhos, de mão na mão / não tinham medo do amanhã”, tão linda a Françoise Hardy.

Pode haver rua, pode haver cidade, pode haver teatro se tivermos – como temos – medo?»

1 comentário:

Seve disse...

O Medo - realmente ele anda no ar que tentamos respirar!