O Morto
João Pedro
Grabato Dias
Introdução:
Eugénio Lisboa
Capa: António
Quadros (pintor)
Textos
Caliban
Edição do
Autor, Lourenço Marque, Setembro de 1971
na petrificação do sonho do escravo
No passado sempre sucessivamente presente
a gorda larva pertinaz do tempo
somando em cada anel cada presente já
passado, e esquecido passado, irremediável e remoto
mas próximo, pouco antes, inda agora, agora e já
O passado caldeado pela fieira de mil milhões
de milhões de variados cadáveres ligados pela seiva
comum, desta engenhosa e materna árvore que chamamos vida.
O passado que inconscientes transportamos
nos corpúsculos do sangue, e cujo peso,
sem terror aparente, avaliamos em nada.
Com tudo isto se fez uma lágrima. Que sistema
económico nos desculparia se a chorássemos?
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