COLUMBIA ESRF 1034 - edição francesa
Lado 1
Barco Negro (Mãe Preta)
Barco Negro (Mãe Preta)
Solidão (Canção do Mar)
Lado 2
Fallaste Corazon
Lisboa Não Sejas Francesa
Apenas Barco Negro
e Solidão fazem parte da banda sonora
de Os Amantes do Tejo.
Barco Negro é
uma versão, com poema de David Mourão-Ferreira, de Mãe Preta, que foi escrita em 1954 por Piratini para uma música de
Caco Velho.
Uma forte referência ao racismo, «enquanto a chibata batia em seu amor mãe preta embalava o filho branco
do sinhô», canção que Salazar proibiu que fosse passada na rádio.
Este é o poema e, mais abaixo se reproduz o vídeo em que
a canção é interpretada pela fadista portuguesa Maria da Conceição:
Velha encarquilhada
carapinha branca
gandola de renda
caindo na anca
embalando o berço
do filho do sinhô
que há pouco tempo
a sinhá ganhou
era assim que mãe preta fazia
criava todo branco
com muita alegria
enquanto na senzala
seu bem apanhava
mãe preta mais uma lágrima enxugava
mãe preta, mãe preta,
mãe preta, mãe preta
enquanto a chibata
batia em seu amor
mãe preta embalava
o filho branco do sinhô.
carapinha branca
gandola de renda
caindo na anca
embalando o berço
do filho do sinhô
que há pouco tempo
a sinhá ganhou
era assim que mãe preta fazia
criava todo branco
com muita alegria
enquanto na senzala
seu bem apanhava
mãe preta mais uma lágrima enxugava
mãe preta, mãe preta,
mãe preta, mãe preta
enquanto a chibata
batia em seu amor
mãe preta embalava
o filho branco do sinhô.
Este é o poema de David-Mourão-Ferreira, cantado
por Amália no filme e reproduzido em O Qu’é Que Vai no Piolho.
Aqui, ficamos
com a interessante versão de Ney Matogrosso:
De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.[Bis]
Vi depois, numa rocha, uma cruz,
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas:
São loucas! São loucas!
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.
Resta-nos abordar Solidão.
Esta é a letra:
Solidão de quem
tremeu
A tentação do céu
E dos encantos, o que o céu me deu
Serei bem eu
Sob este véu de pranto
A tentação do céu
E dos encantos, o que o céu me deu
Serei bem eu
Sob este véu de pranto
Sem saber se choro
algum pecado
A tremer, imploro o céu fechado
Triste amor, o amor de alguém
Quando outro amor se tem
Abandonado, e não me abandonei
Por mim, ninguém
Já se detém na estrada
A tremer, imploro o céu fechado
Triste amor, o amor de alguém
Quando outro amor se tem
Abandonado, e não me abandonei
Por mim, ninguém
Já se detém na estrada
A Canção do Mar
tem música de Ferrer Trindade e letra de Frederico de Brito e é o tema musical
do filme.
Amália canta-a com o título Solidão.
O autor da letra será também David Mourão-Ferreira, mas
não encontrei o garante dessa autoria.
Na contra capa do EP, o assunto é tratado a pontapé.
A autoria das versões de Barco Negro e Solidão é atribuída a D. J. Ferreira.
Curiosamente os Pink Martini, que gravaram Solidão no seu
álbum Je Dis Oui!, registam David Mourão-Ferreira como autor
da letra.
Por mera curiosidade deixo-vos também a interpretação que Chavela Vargas fez para Solidão.
Por mera curiosidade deixo-vos também a interpretação que Chavela Vargas fez para Solidão.
Diga-se, por fim, que Canção
do Mar, junta-se a Coimbra e Lisboa Antiga como os trechos da música portuguesa
mais divulgados no estrangeiro, ao ponto de o CD, que contém a versão de Canção do Mar da Dulce Pontes, aparecer
nas mãos de Richard Gere no filme A Raiz
do Medo e o pormenor foi um pedido do actor.
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