Hiroshima,
Meu Amor
Marguerite Duras
Tradução: Maria José Palla e M. Villaverde Cabral.
Capa:
Rogério Petinga
Quetzal
Editores, Lisboa, 1987
Ele - Tu não
viste nada em Hiroshima.
Ela - Vi
tudo. Tudo.
Ela - ... do
décimo quinto dia também.
Hiroshima cobriu-se de flores. Havia por toda a parte centáureas e gladíolos e trepadeiras e lírios amarelos que renasciam das cinzas com um com um extraordinário vigor, até então desconhecido nas flores. Nada inventei.
Hiroshima cobriu-se de flores. Havia por toda a parte centáureas e gladíolos e trepadeiras e lírios amarelos que renasciam das cinzas com um com um extraordinário vigor, até então desconhecido nas flores. Nada inventei.
Ele -
Inventaste tudo.
Ela - Nada.
Ela – Como tu, eu sei o que é o esquecimento-
Ele – Não, tu não sabes o que é o esquecimento.
Ela – Como tu, também eu sou dotada de memória. Conheço o esquecimento.
Ele – Não, tu não és dotada de memória.
Ela – Como tu, também eu tentei lutar com todas as minhas forças contra o esquecimento. Como tu, esqueci. Como tu, desejei ter uma memória inconsolável, uma memória de sombras e de pedra.
Ela – Como tu, eu sei o que é o esquecimento-
Ele – Não, tu não sabes o que é o esquecimento.
Ela – Como tu, também eu sou dotada de memória. Conheço o esquecimento.
Ele – Não, tu não és dotada de memória.
Ela – Como tu, também eu tentei lutar com todas as minhas forças contra o esquecimento. Como tu, esqueci. Como tu, desejei ter uma memória inconsolável, uma memória de sombras e de pedra.
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