domingo, 17 de maio de 2020

OLHAR AS CAPAS


Hiroshima, Meu Amor

Marguerite Duras
Tradução: Maria José Palla e M. Villaverde Cabral.
Capa: Rogério Petinga
Quetzal Editores, Lisboa, 1987

Ele - Tu não viste nada em Hiroshima.
Ela - Vi tudo. Tudo.
Ela - ... do décimo quinto dia também.
Hiroshima cobriu-se de flores. Havia por toda a parte centáureas e gladíolos e trepadeiras e lírios amarelos que renasciam das cinzas com um com um extraordinário vigor, até então desconhecido nas flores. Nada inventei.
Ele - Inventaste tudo.
Ela - Nada.
Ela – Como tu, eu sei o que é o esquecimento-
Ele – Não, tu não sabes o que é o esquecimento.
Ela – Como tu, também eu sou dotada de memória. Conheço o esquecimento.
Ele – Não, tu não és dotada de memória.
Ela – Como tu, também eu tentei lutar com todas as minhas forças contra o esquecimento. Como tu, esqueci. Como tu, desejei ter uma memória inconsolável, uma memória de sombras e de pedra.

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