A Capital
Eça de Queiroz
Introdução de José
Maria D’Eça de Queiroz
Lello & Irmão,
Editores, Porto, 1957
Foi deste modo que Artur se achou, por acaso, no meio que devia
desenvolver as tendências do seu temperamento. Ao princípio, naturalmente,
admirou sobretudo os indivíduos, as personalidades, a fraseologia nova, as
excentricidades estranhas; tremeu de entusiasmo, vendo, numa noite de trovoada,
na Feira, o próprio Damião tirar o relógio do bolso, um cebolão de prata, e
numa atitude de Satã rebelde, dar cinco minutos a Deus para que o fulminasse,
e, passados os cinco minutos num grande silêncio do Céu, atirar desdenhosamente
o cebolão para a algibeira, dizendo com tédio: «está superabundantemente
provado que não há nada lá no Céu», e acrescentar, olhando para a s estrelas:
«a não ser algum pó luminosos de Deuses mortos!»
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