Como leitor fiz
descobertas sem mapa, sem bússola, lembro José Gomes Ferreira, José Saramago,
mais o Saramago que o Zé Gomes.
Havia a biblioteca do
meu pai, havia os suplementos literários, quase todos a publicarem-se à
quinta-feira.
Líamos os críticos,
colhíamos orientações que eram, ou não, seguidas, mas orientações.
Lembro Eduardo Prado
Coelho que terá sido, por aqui, o último moicano da crítica literária.
O Eduardo Prado
Coelho era o Eduardo Prado Coelho, como em tempos recuados o João Gaspar Simões
era o João Gaspar Simões.
Assim como uma
espécie de instituições.
Quando morreram
ficámos a saber da falta que nos ficaram a fazer, depois de, amiúde, termos andado
a chamar-lhes todos os nomes e dando de barato que por vezes, um e outro, se
punham a jeito.
Francisco Vale, que é
editor da Relógio d’Água, também jornalista, também escritor, lembra Pierre
Bayard que escreveu um livro, Como Falar
dos Livros Que Não Lemos.
Deixa no ar que os
críticos, por vezes, falam dos livros que nem sequer leram.
Será?
Também nos diz dessa
coisa horrorosa de os críticos darem estrelas aos livros que criticam: «a classificação que se justifica nos
hotéis, como questão de conforto dos quartos e serviço de bar, e que talvez
faça sentido nas estrelas do Guia Michelin, é de todo inadequada para leitura e ensaio.»
Pegando no Expresso, no Público, ressalta que nas poucas críticas (?) que fazem o que por
ali se nota é um certo amiguismo, a influência que as editoras mexem e remexem.
Legenda: pintura de
Jean-Honoré Fragonard
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