No dia 22 de
Julho de 2005, ocorreram quatro atentados bombistas no metro de Londres.
A polícia não
conseguiu matar ou prender todos os terroristas.
Um indício material, encontrado em mochilas dos terroristas, que não explodiram, levou
os investigadores a um bloco de apartamentos de três andares em Scotia Road,
Tulse Hill. A missão era encontrar alguém com aparência de somali ou etíope.
No dia
seguinte, viram Jean Charles de Menezes, brasileiro, sair desse bloco de
apartamentos que se dirigia para o seu trabalho diário como electricista, pois
recebera uma chamada telefónica da empresa onde trabalhava, para ir reparar um
alarme de incêndio em Kilburn.
Apanhou um
autocarro e o metro na Stockwell Station. A polícia seguia-o.
Como vestia
um blusão de cabedal, a polícia entendeu que poderia carregar explosivos. Um
qualquer gesto do trabalhador brasileiro, levou a polícia a atirar sobre ele.
Cinco tiros
na cabeça deram-lhe morte imediata.
A polícia
britânica levou largo tempo a revelar que se tratara de uma precipitação dos
perseguidores.
O chefe da
Scotland Yard pediu desculpa e declarou que a polícia londrina aceitava total
responsabilidade pelo sucedido e que a família iria ser indemnizada.
Ninguém disse
ao senhor oficial da polícia londrina, que a luta contra o terrorismo é uma
luta difícil, mas não pode valer tudo, muito menos a execução sumária de
pessoas inocentes, apanhadas no local errado no momento errado.
Passagem por
alguns dos versos de Daniel Filipe em A Invenção do Amor:
Depois das seis da tarde é proibido circular
Avisa-se a população de que as forças da
ordem
atirarão sem prevenir sobre quem quer
que seja
depois daquela hora Esta madrugada por
exemplo
uma patrulha da Guarda matou no Cais da
Areia
um marinheiro grego que regressava ao
seu navio
Quando chegaram junto dele acenou aos
soldados
disse qualquer coisa em voz baixa e
fechou os olhos e morreu
Tinha trinta anos e uma família à espera
numa aldeia do Peloponeso
O cônsul tomou conhecimento da
ocorrência e aceitou as desculpas
do Governo pelo engano cometido
Afinal tratava-se apenas de um
marinheiro qualquer
Todos compreenderam que não era caso
para um protesto diplomático
e depois o homem e a mulher que a
policia procura
representam um perigo para nós e para a
Grécia
para todos os países do hemisfério
ocidental
Valem bem o sacrifício de um marinheiro
anónimo
que regressava ao seu navio depois da
hora estabelecida
sujo insignificante e porventura bêbado.
Tal como Jean
Charles de Menezes que, apenas, se dirigia de sua casa para o emprego e se terá
assustado com os gritos da polícia londrina
18 de Agosto
de 2005
Sem comentários:
Enviar um comentário