Quem gosta de ler, compra livros pelo motivo primeiro
desse gosto.
Mas também compro livros pelos seus começos, pelos seus
finais, por um qualquer pedacinho perdido nas páginas e que calhou logo ler no
folhear do livro na livraria, pela beleza das capas.
Era o tempo em que se folheavam livros no silêncio
monástico das livrarias, o tempo em que os livreiros espalhavam pelos
escaparates, à medida que iam chegando, as novidades e nunca por qualquer cunha
ou pagamentos por debaixo da mesa de quem quer que seja.
É inadmissível que as editoras estraguem as capas dos
livros com a prensagem de dizeres como um prémio com que o livro, ou o autor,
tenha sido distinguido.
Gosto da capa que a equipa da Editorial Caminho concebeu
para Os Livros Que Devoraram o Meu Pai de
Afonso Cruz.
Mas não posso gostar de que no topo faça parte da capa que o
livro é Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009 e no fundo do lado direito
esteja que o livro faz parte do Plano Nacional de Leitura.
O prémio e o Plano
Nacional de Leitura são coisas recomendáveis e abonatórias, mas não têm que
estar pespegadas na capa do livro.
Nos tempos em que se respeitavam os livros, estas coisas
de prémios ou afins, surgiam numa cinta, envolvendo o livro, que se descartava
e, quem quisesse, guardava dentro do livro.
Vou buscar este exemplo:
Pouco depois da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, a Caminho publicou o 5º volume de Cadernos de Lanzarote, não estragou a capa do livro com a atribuição do prémio e colocou a tal cinta que referia o Premio e que ainda guardo no interior do livro.
Não sei o que as gentes das editoras pensam sobre estes incidentes, mas por mim não deixam de ser um total desrespeito pelos autores dos livros, os autores das capas, pelos leitores.
Não sei o que as gentes das editoras pensam sobre estes incidentes, mas por mim não deixam de ser um total desrespeito pelos autores dos livros, os autores das capas, pelos leitores.
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