quarta-feira, 27 de maio de 2020

DESRESPEITOS EDITORIAIS


Quem gosta de ler, compra livros pelo motivo primeiro desse gosto.

Mas também compro livros pelos seus começos, pelos seus finais, por um qualquer pedacinho perdido nas páginas e que calhou logo ler no folhear do livro na livraria, pela beleza das capas.

Era o tempo em que se folheavam livros no silêncio monástico das livrarias, o tempo em que os livreiros espalhavam pelos escaparates, à medida que iam chegando, as novidades e nunca por qualquer cunha ou pagamentos por debaixo da mesa de quem quer que seja.

É inadmissível que as editoras estraguem as capas dos livros com a prensagem de dizeres como um prémio com que o livro, ou o autor, tenha sido distinguido.

Gosto da capa que a equipa da Editorial Caminho concebeu para Os Livros Que Devoraram o Meu Pai de Afonso Cruz.

Mas não posso gostar de que no topo faça parte da capa que o livro é Prémio Literário Maria Rosa Colaço 2009 e no fundo do lado direito esteja que o livro faz parte do Plano Nacional de Leitura.

O prémio e  o Plano Nacional de Leitura são coisas recomendáveis e abonatórias, mas não têm que estar pespegadas na capa do livro.

Nos tempos em que se respeitavam os livros, estas coisas de prémios ou afins, surgiam numa cinta, envolvendo o livro, que se descartava e, quem quisesse, guardava dentro do livro.

Vou buscar este exemplo:


Pouco depois da atribuição do Prémio Nobel da Literatura a José Saramago, a Caminho publicou o 5º volume de Cadernos de Lanzarote, não estragou a capa do livro com a atribuição do prémio e colocou a tal cinta que referia o Premio e que ainda guardo no interior do livro.
Não sei o que as gentes das editoras pensam sobre estes incidentes, mas por mim não deixam de ser um total desrespeito pelos autores dos livros, os autores das capas, pelos leitores.  

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