quarta-feira, 18 de abril de 2012

OLHAR AS CAPAS


A Revolução de 1383

António Borges Coelho
Capa: João da Câmara Leme
Portugália Editora, Lisboa Agosto 1965

Como é possível sustentar a afirmação de que o movimento de 1383 foi inicialmente dirigido pela burguesia, se é o povo miúdo que elege o Mestre de Aviz Regedor e Defensor do Reino? Não são os miúdos que empurram a burguesia “hesitante e acobardada”? Não indica este episódio que inicialmente a revolução teve um cunho nitidamente popular, e só mais tarde tomou um carácter burguês?

Quem aliciou o Mestre de Aviz? Álvaro Pais e os seus aliados. Qual o objectvo dos revolucionários burgueses, até quando tentam o casamento do Mestre com Leonor Teles? Fazer rei o chefe nominal do movimento. Quem comanda o povo amotinado e agita entre as massas o nome do filho mais novo do rei D. Pedro? Os cidadãos Álvaro Pais e Antão Vasques.

No entanto, quando os burgueses procuram congraçar Deus com o Diabo, isto é o Mestre com a rainha Leonor, o povo lisboeta convoca um comício para o mosteiro de S. Domingos e aí, elege o Mestre Regedor e Defensor do Reino. Depois, na reunião da Câmara, perante a hesitação dos mais altos burgueses, o tanoeiro Afonso Anes Penedo e os seus amigos impõem a eleição efectuada em S. Domingos.

Mas o que pretendem Afonso Anes penedo e os seus amigos? Assumir a chefia dos acontecimentos? Não! O que o povo de Lisboa quer e obtém é que a burguesia assuma aberta e legalmente a responsabilidade dos acontecimentos que vinha dirigindo à boca calada.


Nota do editor:
Durante o mês de Abril, irei apresentando uma série de livros que me acompanharam durante os tempos da ditadura.
Livros que, por isto ou por aquilo, ajudaram a formar uma consciência cultural e política.
A sua aparição não obedece a algum critério, e, naturalmente, muitos livros e autores irão ficar de fora. 

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