Esta foi a escolha, para o dia 26 de Abril de 1974, que Eduardo Guerra Carneiro fez para os leitores do Cinéfilo.
Em destaque, a sessão da meia-noite, do cinema Londres, com o filme Lilith de Robert Rossen.
Não sei se houve sessão, no Londres, ou em qualquer outro cinema: uma revolução estava na rua!
Por mera curiosidade direi que, se não fosse o 25 de Abril, eu seria um dos espectadores do filme de Robert Rossen, pois nunca o tinha visto.
Como, a abrir a prosa, o Eduardo escreve:
É muito natural que o nome de Robert Rossen nada evoque à grande maioria do público de cinema.
E mais escreveu:
É precisamente Lilith (que, em português, recebeu o título um pouco fatalista e bastante moralista de Lilith e o Seu Destino) que hoje lhe recomendamos, na certeza de que lhe chamamos a atenção para um dos filmes mais importantes que, na década de 60, se produziu em Hollywood.
O dia 26 era o último dia das escolhas do Cinéfilo, e convém dizer que havia, sempre, uma outra escolha. A do DIA NÃO!
Como o nome indica, servia para avisar o leitor de que não valeria a pena mexer um pé, para ir ver, ouvir, ou ler, o que o Eduardo entendia como puro (des)aconselhamento.
O NÃO desta semana, recaía no filme de Sydney Pollack, O Nosso Amor de Ontem, com Robert Redford e Barbra Streisand.
Destaque ainda para uma rubrica regular do Cinéfilo.
Dava pelo nome de O Colocador de Cartazes e era assinada por Adelino Tavares da Silva, um dos grandes jornalistas portugueses, homem de um humor fino e, ao mesmo tempo, desconcertante.
No cartaz deste número, a propósito do Jaime de António Reis, Adelino Tavares da Silva, contava a história de um maluco num dia em que aVolta a Portugal em Bicicleta, passou por Serpa.
Uma coisa é o Jaime do António Reis; outra é uma história de malucos.
Não queria terminar a viagem, pelo número 29 do Cinéfilo, da semana de 20 a 26 de Abril de 1974, sem referir um pormenor.
Só no número 31 do Cinéfilo, semana de 4 a 10 de Maio de 1974, se ficou a saber da razão de o número anterior, semana de 27 de Abril a 3 de maio, não ter uma única referência à data histórica:
Razões de fabrico da revista fizeram que o último número do Cinéfilo saído dois diaa de pois do Movimento do 25 de Abril estivesse já pronto na véspera, o que fez com que em nada reflectisse as consequências profundas que, a todos os níveis e, neste caso, na a informação, alteraram de um dia para o outro o funcionamento e a fisionomia dos jornais, revistas, emissões de rádio e televisão e os espectáculos em geral. Os artigos publicados nesse número, por exemplo, haviam sido todos objecto de censura e, coisa obsoleta, dois dias depois desta ter sido suprimida, o Cinéfilo saía pois com artigos censurados.
Por fim, dizer que, uma vez por outra, voltarei a pegar no Cinéfilo, destacar um número, e viajar por ele
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