Sou do tempo em que se era doutor por cinco tostões. Ou seja: quando os bancos não tinham ainda acabado com os grandes cafés de Lisboa e estes tinham altifalantes para chamarem os seus clientes ao telefone, ouvia-se frequentemente chamar o senhor-doutor-fulano-de-tal. E este levantava-se e, perante a admiração respeitosa e quase geral dos circunstantes, ia atender a chamada ao balcão do café, que por muitos era assim transformado numa espécie de escritório.
Joaquim Letria em Histórias Para Ler e Deitar Fora, Círculo de Leitores, Lisboa Outubro 1987.
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