A crónica de Manuel António Pina no Jornal de Notícias de hoje:
As imagens que circulam na Net de funcionários municipais a lançarem das janelas da Escola da Fontinha livros escolares para a rua representam de forma expressiva a gestão autárquica de Rui Rio, a sua arrogância obscurantista, a sua insaciável sede de "autoridade" e a sua aversão a tudo o que lhe cheire a cultura e a autonomia cidadã; só faltou, à intolerante " Bücherverbrennung " do Alto da Fontinha, a fogueira.
A História do século XX ensina-nos que o facto de um indivíduo ser eleito democraticamente não faz dele um democrata. A História do Porto nos anos de Rio - já é possível avaliá-la, agora que esses anos se aproximam do fim - é disso um bom exemplo.
Rio herdou a cidade num momento em que, na sequência da Capital Europeia da Cultura e da classificação do centro histórico como Património Mundial, ela fervilhava de animação e criação culturais, de multiplicação de iniciativas, de participação colectiva. Deixa-a com a ocupação policial de uma escola e centro cultural numa zona carenciada e a destruir livros e material escolar.
Pelo meio ficaram, entre outros, casos como a descaracterização, com recusa de qualquer diálogo com a população, da Avenida dos Aliados ou a proibição de as associações apoiadas pela autarquia criticarem a Câmara, o que, na prática, significou a compra com dinheiros públicos do silêncio crítico sobre a sua gestão.
Hoje, 24 de Abril, é o dia apropriado para evocar tudo isso.
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