Toma-se um homem,
Feito de nada, como nós,
Em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Feito de nada, como nós,
Em tamanho natural.
Embeba-se-lhe a carne,
Lentamente,
Duma certeza aguda, irracional,
Intensa como o ódio ou como a fome.
Depois, perto do fim,
Agite-se um pendão
E toque-se um clarim.
Serve-se morto.
Reinaldo Ferreira, Receita Para Fazer um Herói, em Poemas, Colecção Poeta de Hoje, Portugália Editora, Lisboa, Maio 1966.
Legenda: imagem do Diário de Notícias.
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