quinta-feira, 9 de outubro de 2025

OLHAR AS CAPAS

Álvaro Cunhal: Íntimo e Pessoal

Miguel Carvalho

Capa: Joana Quental

Campo das Letras, Porto Abril de 2006

Clara Ferreira Alves escreveu um dia, a propósito de uma entrevista a Álvaro Cunhal, que a «perfeição a que a consciência o obriga, desumaniza-o». Julgo, porém humildemente poder dizer que, em muitos casos, o tal Álvaro Cunhal desconhecido, mais afectivo, humanizado, imperfeito, esteve sempre presente. Diante dos nossos olhos, por vezes até nos seus discursos mais duros, mais tensos, puramente políticos e partidários. Culpa nossa – e das circunstâncias, talvez – não termos estado mais atentos, não termos sido mais pacientes, menos ansiosos e vertiginosos na tentativa de poercebê-lo, de compreendê-lo, de convencê-lo a trilhar os caminhos do seu lado mais íntimo, sem que isso significasse violação da intimidade. Culpa dele, certamente, quase nunca ter deixado, durante anos, que o aparente acessório se sobrepusesse ao prioritário.

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