Álvaro Cunhal: Íntimo e Pessoal
Miguel Carvalho
Capa: Joana
Quental
Campo das
Letras, Porto Abril de 2006
Clara Ferreira Alves escreveu um dia, a propósito de
uma entrevista a Álvaro Cunhal, que a «perfeição a que a consciência o obriga,
desumaniza-o». Julgo, porém humildemente poder dizer que, em muitos casos, o
tal Álvaro Cunhal desconhecido, mais afectivo, humanizado, imperfeito, esteve
sempre presente. Diante dos nossos olhos, por vezes até nos seus discursos mais
duros, mais tensos, puramente políticos e partidários. Culpa nossa – e das circunstâncias,
talvez – não termos estado mais atentos, não termos sido mais pacientes, menos
ansiosos e vertiginosos na tentativa de poercebê-lo, de compreendê-lo, de
convencê-lo a trilhar os caminhos do seu lado mais íntimo, sem que isso
significasse violação da intimidade. Culpa dele, certamente, quase nunca ter
deixado, durante anos, que o aparente acessório se sobrepusesse ao prioritário.

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