Lisboa 1 de Outubro de 1965
Neste dia escrevia José Gomes Ferreira no 1º volume dos seus “Dias Comuns”:
Entreguei há 3 dias, na Portugália, (e com que desalento desabrido) o meu Diário Inventado. E hoje, talvez para amortecer este fogo frio, que tanto me tortura nas antevésperas da publicação de livros novos, acordei a perguntar-me; “e se eu agora escrevesse (mas só para mim) um diário real dos dias comuns – no seguimento do fadário diarístico que me persegue desde a infância?” (Diários, diários, diários!....). Demais, está uma manhã de sol dourado, com folhas secas a apodrecerem o chão de amarelo e aquele brisa fina de haver alguém no ar a esgrimir um florete de toque invisível que nos arrepia a pele – tema mesmo de propósito para esta primeira página. Pois, se bem me recordo, quase todos os meus diários do passado nasceram sob o signo do friozinho outonal e dos marmelos assados – oferecidos no lusco-fusco dos pregões friorentos de Lisboa… Mas vou desfazer o tema. Basta de literatura e de marmelada.
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