domingo, 1 de janeiro de 2012

JANELA DO DIA


O Diário de Notícias saudava o primeiro dia do ano primeiro do século XX, com este naco de prosa:

Mais uma vez a terra completou o seu giro em volta do sol: mais um anno caíu na voragem infinita do tempo.

Naquele tempo, tal como hoje, não eram de optimismo os dias, mas o editorial apelava para que os portugueses se despedissem do velho ano, não foi dos mais propícios, sem desencanto, a não ser que já estejamos impregnados da desconsoladora philosophia de Alexandre Herculano que dizia - pior do que isto só o que vier.

Com as devidas correcções que o tempo exige, o editorialista daquele 1 de Janeiro de 1900, poderia escrever, hoje, sentado à secretária da redacção do Diário de Notícias, as mesmas dúvidas, as mesmas palavras de desencanto, frente ao novo ano.

A ilustração também poderia ser a mesma: um enorme ponto de interrogação.

Terrível que vai ser este ano de 2012,  e nem a filosofia de Forrest Gump quando diz que só depois de abrir a caixa de chocolates se sabe o que está lá dentro, nos servirá de consolo.

Alexandre Herculano tinha mesmo razão quando dizia que pior do que isto só  o que vier.

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