sábado, 8 de outubro de 2011

CLARABÓIA


Clarabóia

José Saramago
Capa: Rui Garrido
Editorial Caminho, Lisboa, Setembro de 2011.

Nas conversas que José Saramago manteve com Carlos Reis, fala de um seu livro que nunca foi publicado e que se seguiu à “Terra do Pecado”:

“Escrevi esse livro que se chama “A Clarabóia” e é um romance. É a história de um prédio com seis inquilinos sucessivamente envolvidos num enredo. Acho que o livro não está mal construído. Enfim, é um livro também ingénuo, mas que, tanto quanto me recordo, tem coisas que já têm que ver com o meu modo de ser.

O livro foi enviado para um editor, para o “Diário de Notícias”, por lá ficou quarenta anos, até que um dia recebo uma carta dizendo: “Foi encontrado, na reorganização dos nossos arquivos, o original do seu livro, etc., etc.” E então diziam logo: “se quiser publicar, nós publicamos.” Fui lá, à Empresa Nacional de Publicidade, e saquei o livro que está aí.

Ao contrário de Terra do Pecado, Saramago não permitiu a sua publicação, mas não se opôs a que, depois da sua morte, fosse publicado.

“É sempre a mesma história. Para uns, muito; para outros, pouco: e para outros, nada. Quando é que essa gente aprende a pagar aquilo de que precisamos para viver?”

No essencial, alguma vez Saramago deixou de pensar de modo diferente?

Conhece o ditado “quem não é revolucionário aos 20 anos não tem coração e quem continua a ser aos 40 não tem cabeça”? Eu continuo a ter um coração e uma cabeça. Sou aquele que fui até agora. Pode-se ter a mesma ilusão aos 82 anos.

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