quarta-feira, 2 de abril de 2025

O OUTRO LADO DAS CAPAS


Esta é a capa do 1º e restantes 7 volumes da História de Portugal de Alexandre Herculano.

Era comum, há algum longo tempo, as editoras encadernarem obras dos seus autores mais representativos e promoverem a sua venda em volumes encadernados, que vendiam a preços razoáveis, e em suaves prestações mensais. Neste campo, a Biblioteca da Casa regista estas obras de Alexandre Herculano, bem como a obra de JúlioDinis.

Para além dos 8 volumes que compõem a História de Portugal a «oferta» da Bertrand completava-se com:

Cartas – 2 volumes

Poesias

Estudos Sobre o Casamento Civil

Cenas de Um Ano da Minha Vida e Apontamentos de Viagem

Composições Várias

Segundo a História da Literatura Portuguesa de António José Saraiva e Óscar Lopes, o 1º Volume da História de Portugal aparece em 1846, no ano da Maria da Fonte.

«Algumas das razões que levaram Herculano a interessar-se pelo romance histórico estão na origem do seu interesse pela história científica. Mas este último não pode ser compreendido se o não ligarmos às condições do ambiente, mais especificamente, aos problemas sociais e políticos levantados pela instauração do Liberalismo em Portugal.»

As etapas dos 8 volumes da História de Portugal:

1º volume: Introdução

2º volume: 1907-1185

3º volume: 1185-1211

4º volume: 1211-1223

5º volume: 1223-1247

6º volume: A Sociedade – Primeira Epocha - Origens da População/Classes                                     

                   Inferiores

7º volume: A Sociedade – Os Concelhos

8º volume: Indice geral e Analytico

OLHAR AS CAPAS


História de Portugal

Alexandre Herculano

1º Volume

Desde o Começo da Monarquia até o Fim do Reinado de Afonso III

Livraria Bertrand, Lisboa s/d

Commettendo uma empresa, cuja importancia, grande ou pequena, deixarei que outros avaliem, talvez seria o melhor abster-me de quaisquer reflexões preliminares. 

A ÉTICA NADA CONTA PARA OS ELEITORES

«Este à vontade de Montenegro, caricato em quem vai a votos sob maior escrutínio ético, resulta da convicção de que o bom momento económico e orçamental (distribuição de dinheiro) garante benevolência e a multiplicação de notícias oferece o cansaço. A notícia sobre uma investigação judicial que o envolve, num processo onde uma empresa com relação com a sua casa parece ter sido beneficiada na obra mais cara de Espinho pelos pareceres do seu escritório (que tinha a autarquia como cliente), já não teve o impacto da avença. E, no entanto, estão ali vários indícios sobre as relações “empresariais” e partidárias que ligam Espinho, Braga, câmaras do PSD, construtoras e Montenegro. Todas as pistas indicam o mesmo perfil. Mas há um instinto de negação coletiva que não parece querer voltar a lidar com gente assim.

Se, resultado de umas eleições provocadas por estes casos, Montenegro reforçar a sua votação, concluindo-se que a ética nada conta para os eleitores, o à vontade passará a ser à vontadinha. E preparamos um caldo perigoso para o fim do ciclo que começa em maio. Se assim for, até já tenho a frase para o próximo outdoor da AD, com a cara de Luís Montenegro: “Se falhei muito, dêem-me maioria, para falhar melhor”.»

Daniel Oliveira no Expresso

«Era aceitável que Luís Montenegro continuasse em funções se fosse ministro de um outro qualquer primeiro-ministro? Não.

Se o primeiro-ministro fosse, por exemplo, Jorge Moreira da Silva ou Miguel Morgado, já o teriam demitido da pasta que ocupasse desde as primeiras notícias sobre a empresa.

Agora, quando o Expresso revela que o escritório de Luís Montenegro, que trabalhava para a Câmara de Espinho, fez pareceres a defender a empresa de construção ABB contra a própria câmara, o caso sobe um patamar. O próprio Luís Montenegro terá assinado um dos pareceres favoráveis ao empreiteiro que depois lhe forneceu o betão para a sua casa de luxo em Espinho. Isto são coisas normais?»

Ana Sá Lopes no Público

ESTE NINISTRO É UM MENTIROSO

Este ministro é um mentiroso

que agonia quando ele discursa

e se fosse só isso: bale sem jeito

às meias horas seguidas – e não pára!

 

bem-aventurados os duros de ouvido

a quem o céu abrirá as portas

desliguem p.f. o microfone

ou então tirem o país da ficha


Fernando Assis Pacheco  de Desversos em RespiraçãoAssistida

terça-feira, 1 de abril de 2025

POSTAIS SEM SELO

Uma vez que uma coisa está prestes a acontecer, tudo o que podes fazer é esperar que isso não aconteça. Ou não, se depender da vontade. Enquanto viveres, haverá sempre algo à espera, e mesmo que seja mau e saibas que é mau, o que podes fazer? Não podes parar de viver.

Truman Capote

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia


BLOGUEANDO POR AÍ

Já quase não há blogues.

Ainda frequento alguns, velhos conhecidos que têm ficado imunes à javardice que por aí campeia.

A Antologia do Esquecimento, do Henrique Manuel Bento Fialho é um desses blogues a que me chego.

 Este texto, está datado de 19 de Março de 2024:

EU CONHEÇO-OS

«Eu conheço-os, sei quem são, sentei-me à mesa com eles, vimos a bola juntos, frequentamos os mesmos cafés, cruzamo-nos na rua, sim, eu sei, são primos, gente chegada, até amigos, de outrora, de agora, cheios de raiva, consumidos pelas frustrações pessoais, explorados em empregos de merda, na loja do shopping, sim, onde foram parar com currículos medíocres depois de uma vida inteira a cuspir nos livros, ler para quê, estudar para quê, pois se até os professores são infelizes, sim, têm irmãos que queimaram as pestanas para acabarem como caixas de supermercados, parvalhões, mais valia terem emigrado, arranjavam um trabalho de merda na Suíça a ganharem o dobro ou o triplo do que ganham cá, a limpar a merda dos outros, a servir à mesa, a apanhar batatas, a fazer camas nos ferries, a ladrilhar o chão que alguém há-de pisar, cá não, isso é para os monhés, que o trabalho é bom para o preto e eu sou filho de boa gente, até fui baptizado, cá a gente arranja amigos, mete uma cunha, dedica-se à sucata, constrói uma vivenda a fugir aos impostos e faz uma piscina com os fundos sacados ao Estado, que Deus Nosso Senhor mandou-nos ser bons mas não mandou ser parvos, cá a gente glorifica os carvalhos e os vieiras e os berardos, frequentamos as quintas de uns e as sextas dos outros, arranjamos um bom partido e adoramos o senhor doutor, o senhor engenheiro, até que caiam na desgraça e se afundem para nosso espanto, quem diria, tão boas pessoas, amigos de seus amigos, isto, enfim, uma pessoa já nem sabe com o que pode contar, e siga, um Mercedes para exibir na aldeia, uma moto quatro para entreter os fins-de-semana, férias no Algarve, mariscadas, bola e toiros e Quim Barreiros, tasquinhas, feiras medievais e passadiços, uma paisagem deslumbrante no miradouro com balancé panorâmico e faz-se a festa, que à noite temos novo episódio do Quem quer casar com o agricultor?, e temos a Cristina e o Goucha e a CMTV com um desfile de crimes para entreter as horas a destilar o ódio aos pretos, aos ciganos, que isto já não se pode andar na rua, não fossem os bombeiros e a polícia o que seria de nós, de nós e da Mónica Silva, desaparecida para encher noticiários, a nossa telenovela da vida real, sim, eu sei, isto aqui está tudo bem, são vidas, ai que gente, e ele é o macaco, golo, ele é o Pinto da Costa, um senhor, até diz poemas de cor, ele são 25 mulheres assassinadas, enfim, algumas, eh pá, eu não sou machista, mas algumas estavam a pedi-las, eu não sou racista, até tenho amigos, pronto, assim pretos, não é, que isto cada um é como cada qual, entre marido e mulher não metas a colher, vai para a tua terra, a minha terra é aqui, é isto, eu sei, tanto Abril, tanta educação, somos os melhores na bola, o Mourinho já deu o que tinha a dar, o Ronaldo já deu o que tinha a dar, venha daí um novo Salazar, um em cada esquina, que este país está a precisar é de um novo 25 de Abril com um Salazar em cada esquina, para acabar com os corruptos, os outros, não eu, que eu sou bom tipo, não faço mal nem a uma mosca, não me meto em esquemas nem conheço quem meta, não sei, não vi, não ouvi, isso não é comigo, não tenho nada que ver com isso, deixem-me em paz, deixem-me em paz antes que parta esta merda toda, agora nem casa tenho, vou comer pizza, vou para fora, vou para fora cá dentro, vou ver o RAP, vou, sei lá, comer uma bifana e arrotar postas de pescada.»

EM BUSCA DE FLORES AZUIS NO DESERTO

As Nações Unidas acusaram Israel de ter morto 15 paramédicos e socorristas “um a um” e de os ter enterrado numa vala comum, noticiou o diário britânico The Guardian.
As notícias sobre o que aconteceu a um grupo de paramédicos e socorristas no Sul da Faixa de Gaza têm surgido aos poucos, com Israel a ter, no fim-de-semana, admitido, numa “avaliação inicial”, que disparou contra veículos que dirigiam-se em direcção às suas forças de modo suspeito, e ter depois verificado que entre estes veículos estavam ambulâncias e veículos de bombeiros.»

Texto e fotografia do Público

CORAÇÃO

1

Tosca e rude poesia:

meus versos plebeus

são corações fechados,

trágico peso de palavras

como um descer da noite

aos descampados.

 

Ó noite ocidental,

que outra voz nos consente

a solidão?

Cingidos de desprezo,

somos os humilhados

cristos desta paixão.

 

E quanto mais nos gelar a frialdade

dos teus inúteis astros,

mortos de marfim,

mais e mais, génio do povo,

cantarás em mim!

 

Carlos de Oliveira de Mãe Pobre em Poesias

segunda-feira, 31 de março de 2025

POSTAIS SEM SELO


Sinto-me como se tivesse cegado por excesso de olhar o mundo.

Al Berto

Legenda: fotograma final do filme Vai e Vem de João César Monteiro. O autor garantindo-nos que nos continua a observar e que o observemos.

João Bénard da Costa: «o olho que nós olhamos é um olho morto. É por isso que se fecham os olhos aos mortos, para parecer que dormem.»

OS CARTAZES DO ADELINO

SEM PEVIDES PARA NUNCA MAIS

Há quem diga que a cabeça do candidato presidencial da tal AD se parece, definitivamente, com uma abóbora. Julgo que não, nem há necessidade de dizer tão mal das abóboras. Mas, se é assim, é razão para afirmar que a Televisão tem lá, pelo menos, nos seus noticiários, uma boa aboboreira, poi , onde o tal candidato vá e vale, é certo nos «écrans», dizendo quase sempre, as fascistadas do costume, contra dois alvos treferenciais: a esquerda e, agora, o próprio, actual, Presidente da República. Todavia, e como tudo o que nos sobre do fascismo, abóbora, sim, mas sem pevides – não dá para se reproduzir, nem agora, nem nunca mais.

                                                                                                             A.T. da S.

COISAS EXTINTAS OU EM VIAS DE...

Sabia que o tinha guardado algures.

Encontrei-o hoje, numa caixa de folha cheia de coisas-guardadas-não-sei-para-quê.

Fornecido pelos TLP, o último número do telefone da casa do meu pai.

«Não marcar sem ouvir o sinal.»

À CONVERSA


  Entrevista de Verão no Público de 23 de Julho de 2024 de Anabela Mota Ribeiro, jornalista e escritora – “sente-se a escrever”, foi o melhor conselho que lhe deram na vida.

Perguntaram-lhe:

- Qual foi o último filme que viu? E qual foi o último de que gostou?

Respondeu:

- Sunset Boulevard, de Billy Wilder. Foi num contexto profissional, na Casa do Cinema Manoel de Oliveira, e ouvi os contributos da Adriana Molder e da Patrícia Portela. Os filmes ficam outros quando são comentados e contaminados por outros olhares, e nós somos outros quando voltamos a um clássico.

OLHAR AS CAPAS


Cão Como Nós

Manuel Alegre

Capa: Maria Esther

Planeta de Agostini, Lisboa, 2002

Houve um poeta que me disse que o mundo, tal como está, pode matar. Não vou deixar que isso aconteça, sei bem que tenho uns ferros no coração e que de repente posso começar a escorregar para dentro de mim mesmo. Então não se consegue parar. Foi isso mesmo que o Zeca Afonso disse ao ouvido da mulher quando estava a morrer: Não consigo parar. Sei perfeitamente o que ele queria dizer. Mas não vou deixar que o mundo, tal como está, dê cabo de mim. Tenho as minhas canas de pesca e as minhas espingardas, É sempre possível ir aos robalos, dar uns tiros. Ou então pegar na caneta e vir para aqui falar contigo. Um cão nunca abandona o dono. Mesmo que não te veja, sei que estás aí: é quanto me chega. As minhas armas e eu. O meu cão e eu.

Colaboração de Aida Santos

LOJA DE ANTIGUIDADES

 

                           «Isto faz-me impressão» - desafio de Amália

                            Rodrigues ao verificar que estavam a gravar uma

                             actuação sua no Café Luso, há muitos anos.

                             que isto seja entendido como reconhecimento a

                             uma Voz que nunca me largou na vida.

 

Existe em ti e em mim

essa nostalgia que no faz andar

perdidos na poeira ambígua

dos recados do tempo.

O teu olhar demora-se nas lâmpadas

bordadas: Gallé, esse velho artesão,

sabia o que fazia.

E as unhas nacaradas da mulher

expõem o objecto carregado de beleza

sobre uma alma esteta

que tanto trabalho lhe deu a transformar.

Reparem nesta pela – e a sua garganta

ressoa a arte nova imperiosa.

Buscámos no vivido um óleo

Intransmissível

para os nossos corpos.

Silenciosamente andámos nessa gruta

dentro da cidade onde os ruídos caem

como lanças bárbaras

e a luz fria da noite

estilhaça a nossa vista.

É bom pousar assim tanta memória

nas mãos férteis e frágeis

das coisas esquecidas.

Mas à saída, justamente à porta,

as mãos de outra mulher, meticulosas,

rebuscavam no chão, entre outras peças,

outras coisas vividas, esquecidas,

enfim, outros destroços:

do fascínio da carne, os pedacinhos de ossos.

 

Armando Silva Carvalho de Sentimento de um Acidental em O Que foi Passado a Limpo

domingo, 30 de março de 2025

POSTAIS SEM SELO


dedico-me ao poema como um homem velho se dedica a um vaso com flores.

Miguel-Manso

Legenda: fotografia de Luís Eme

NOTÍCIAS DO CIRCO

O primeiro-ministro Luís Montenegro esteve internado no hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde deu entrada, na sexta-feira, pelas 13h00, foi encaminhado para a cardiologia, saiu por volta das 20h40.

Não se sabe a cor da pulseira que lhe colocaram no pulso, nem o tempo que esperou na fila de atendimento.

Calcula-se… apenas…

«Estou bem, podem estar tranquilos. Foi um episódio de uma arritmia cardíaca, que de quando em vez, muito esporadicamente, me atinge. Está tudo tranquilo e vou descansar durante o fim de semana. Na segunda-feira vou reassumir todos os meus compromissos», disse, sorridente, aos jornalistas, às televisões, no «lugar do morto» do carro de serviço.

No sábado, o ministro dos Assuntos Parlamentares garantiu que o primeiro-ministro tem uma "saúde rija" e que não há motivos para preocupação, salientando que o episódio de arritmia,  "foi um pequeno percalço. "

CONVERSANDO


Li, diversas fontes, que a frase pertence ao romano Júlio César:

 Há nos confins da Ibéria um povo que nem se governa nem se deixa governar.

Claro que são os portugas!

Quem mais poderia ser?

OLHAR AS CAPAS


O Pintor Debaixo do Lava-Louças

Afonso Cruz

Editorial Caminho, Lisboa, Janeiro de 2022

A minha avó morreu com 99 anos. Dizia que Deus se tinha esquecido dela. Foi praticamente um século a ver que a maior parte da bondade humana é pura maldade.

OS DIAS VISTOS DO CAFÉ DO MONTE

As meditações de Ana Cristina Leonardo no Café do Monte, mais as suas crónicas no Público.

Final da crónica de ontem:

«Confesso que esta nova realidade me confunde. Acrescento não acreditar que seja a única baralhada. Aliás, com excepção da presidente da Comissão Europeia e de Nuno Rogeiro (este sempre na posse de umas informações ultra-secretas que não pode partilhar…) e poucos mais — uns com conhecimentos de estratégia militar, outros versados na psicologia dos russos — creio haver pouca gente com certezas.

Uma esperança me acalenta, porém, e eu não sou optimista.

Se for verdade que a História, à segunda, transfigura-se em farsa e abandona as vestes da tragédia, nada nos garante que isto não seja tudo a brincar. No fim, Ursula von der Leyen irá tomar conta dos seus póneis na sua quinta na Alemanha e António Costa voltará para a sua casa em Benfica, onde escreverá as suas memórias dedicadas a Mário Soares. Putin retirar-se-á para a sua datcha, Trump para a Gronelândia e Zelensky voltará ao humor televisivo.

Tudo estará bem porque acaba bem. A não ser que venha aí uma nova pandemia ou algum meteorito colida com a Terra.»

MÚSICA PELA MANHÃ

O meu amigo Filhote, é Pedro de Freitas Branco, filho de Luís de Freitas Branco (o Luís Freitas Branco, segundo Biografia do Ié-Ié de Luís Pinheiro de Almeida, é fundador do Conjunto Os Claves, vencedor do Concurso Ié-Ié, realizado no Teatro Monumental, em 1965/1966, numa iniciativa do Movimento Nacional Feminino) neto do musicólogo Luís de Freitas Branco, bisneto do compositor Luís de Freitas Branco, fundou a banda Pedro e os Apóstolos, vive no Rio de Janeiro, onde desenvolve carreira discográfica com a banda de rock White.

Sobre Paul Anka disse um dia:

«Paul Anka foi um belíssimo cantor Pop, naquela fase dos "ídolos-de-penteado-à-maneira" em que o genuino Rock'n'Roll parecia ter sido morto e enterrado.
Anka foi um compositor e intérprete de uma precocidade impressionante. Tinha apenas 15/16 anos quando despontou.
E entre os seus admiradores estava o genial Buddy Holly. O homem de Lubbock, Texas, aproximou-se de Anka nos seus últimos tempos de vida em Nova York.
Adoro "You are my Destiny"... faz-me lembrar de quando ia em adolescente ao cinema ver aqueles filmes retro-série-b do "Gelado de Limão" (Lemon Popsicle).»

O que acima se vê, é o EP da ABC Paramount HP 97-01 de 1968, que contém:

Lado A

Red Sails

You Are My Destiny

Lado B

Pity, Pity

When I Stop Loving You

Arranjos e direcção de orquestra de Don Costa.

A capa do disco estafou-se, aqui, ali, acolá, nos múltiplos bailes, agora vive num encarte, descontinuado que foi arranjado à pressa, apenas para protecção do disco.


Curiosamente não encontrei, nos diversos sites da Internet, a capa original da ABC Paramount de You Are My Destiny, mas sirvo-me de outro disco do Paula Anka, também da ABC Paramount, que pertence à Biblioteca da Casa, e que é quase igual à do You Are My Destiny.

ABC PARAMOUNT/HISPAVOX – HP 97-02

LADO A

Diana

Don’t Gamble With Love

LADO B

Tell Me You Love Me

I Love You, Baby

O disco é de 1968, e foi comprado no dia 01.02.1960.

Ontem, do Paul Anka, ouvimos You Are My Destiny, hoje ouviremos Diana.

A Menina Dança?

sábado, 29 de março de 2025

POSTAIS SEM SELO


Lembro-me do cheiro do vinil, do Valentim de Carvalho, das capas dos EP e LP, do Salut les Copains, e do desespero que vivi quando o meu primeiro78 rotações do Bill Halley, que ainda cheguei a ouvir numa reles grafonola, se partiu em cacos. E das festas e reuniões, dos namoros, da animação e do divertimento espontâneo e saudável, tudo isso com a "nossa" música como pano de fundo e elemento aglutinador.

Luís de Freitas Branco no Prefácio à Biografia do Ié-Ié de Luís Pinheiro de Almeida 

DISTO, DAQUILO E DAQUELOUTRO


 Luís Montenegro não é um homem confiança.

Desde que tomou posse, ficou a pensar que, a todo o custo, teria que provocar a queda do governo para que acontecessem eleições.

Umas trapalhadas que é um novelo a que ninguém consegue dar a volta foram o pretexto.

Ninguém queria eleições, excepto Montenegro.

Acontecerão a 18 de Maio.

Aparentemente muito pouco, ou nada, irá mudar.

O meu avô dizia-me que quando houver alguém que fale das coisas melhor do que tu, escolhe o silêncio.

É por isso que convoco o editorial do Público de hoje da autoria de Helena Pereira, deu-lhe o título: Luís Montenegro e o Rei Sol.

«Se pudesse, Luís Montenegro provavelmente só aceitaria um debate televisivo com o líder do maior partido da oposição, Pedro Nuno Santos. Montenegro quer que a campanha eleitoral para as eleições de 18 de Maio se centre exclusivamente em si e no seu Governo, e está a fazer tudo para que assim seja. Quer que na cabeça dos eleitores ecoe apenas a pergunta sobre se querem ou não um governo liderado por si. E o Governo que abruptamente interrompeu funções.


É por isso que pretende reduzir ao máximo a participação em debates televisivos. É por isso que distribuiu 11 ministros como cabeças de lista pelo mesmo número de distritos, numa aposta inédita em cinco décadas de democracia.»

1.

Montenegro faz casa de luxo a preço de saldo. Moradia tem 8 casas de banho e lavandaria

Crise da habitação, pois então!...

2.

Mais de 40 mil pessoas trabalham nas 380 empresas portuguesas do sector das indústrias de defesa, que facturam em conjunto cerca de cinco mil milhões de euros. 

3.

«Quando os restantes desiludem, sobra Marcelo Rebelo de Sousa. De acordo com o barómetro da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, o presidente da República volta a ser o político português mais popular, ultrapassando Luís Montenegro, castigado pelas polémicas com a empresa familiar e uma crise que levou à queda do Governo: são cada vez mais os que dão boa nota ao presidente (55%), e cada vez menos os que lhe dão negativa (41%). Uma imagem positiva que se fica a dever a um grupo em particular: as mulheres. São elas que fazem a diferença. Se dependesse apenas dos homens, Marcelo seria mais um entre uma longa lista de políticos desprezados.»

 

Do Jornal de Notícias

4.

Entre os partidos que foram recebidos no Palácio de Belém, o líder do CDS-PP, Nuno Melo, levantou objeções à data de 11 de Maio, por considerar que colidia com a peregrinação a Fátima de milhares de católicos empenhados em participar na celebração do 13 de Maio.

5.

Para Portugal aumentar 1,5% do PIB a despesa militar teria de gastar qualquer coisa como mais quatro mil milhões de euros anuais, para além dos atuais 3 mil milhões. Vamos perder esse dinheiro, que tanta falta faz para outros serviços do Estado?

ATÉ MORTOS VÃO A NOSSO LADO

Nestes dias deixaram-nos:

Luís Oliveira, um dos mais emblemáticos editores portugueses, fundador da Antígona Editores Refractários, morreu de paragem cardíaca na segunda-feira, em Lisboa. Tinha 84 anos e o anúncio da sua morte foi esta terça-feira revelado pela editora em comunicado. "Dono de uma força imensa e de uma energia contagiante, fazia do mundo um 'espaço de encontros que visam o prazer e a construção de um lugar ameno, deleitoso e voluptuoso'. Dançou até ao fim", escreve a equipa da Antígona na sua despedida.

O programador cultural Francisco Guedes, que esteve na origem dos festivaisliterários Correntes d’Escritas, na Póvoa de Varzim, o Lev — Literatura emViagem, em Matosinhos, e o FLiD — Festival Literário do Douro, em Sabrosa, morreu esta segunda-feira, no Porto, aos 75 anos.


José Brandão, um dos mais relevantes designers portugueses e professor emérito da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, morreu na quarta-feira, aos 80 anos, revelou em cominicado a instituição onde leccionava desde 2017.Fundador do B2 Atelier de Design, em 1982, com a sua mulher, Salette Brandão,foi também um dos fundadores da Associação Portuguesa de Designers.

MÚSICA PELA MANHÃ

É bem provável que ainda esteja a ser exibido por aí, o filme O Brutalista que conta a história, a velha história, de como os emigrantes foram, são, recebidos e tratados nos Estados Unidos.

O filme de Brady Corbet, considerado um dos dez melhores filmes de 2024 pelo American Film Institute, conta a história de Lászlo Tóth, brilhante trabalho do actor Adrien Brody, que lhe valeu o óscar de melhor actor, Tóth um arquitecto de origem judia sobrevivente do Holocausto, emigra para a América em 1947 para escapar à pobreza de uma Europa que se tenta levantar depois da destruição causada pela Segunda Grande Guerra. Para trás, devido a burocracias e algum infortúnio, ficam a sua mulher, e uma sobrinha órfã que ficou a cargo de ambos.

Para além do grande filme que é, destaca-se a banda sonora de Daniel Blumberg, óscar da Academia de Hollywood.

Pelo meio do filme, numa festa popular, em Marina de Carrara, Mina canta um velho êxito de Paul Anka: You are My Destiny.



POEMAS AUTOGRAFADOS


 Hoje, quem nos autografa o poema é João José Cochofel.

46º Aniversário é o volume nº 20 da Colecção Poetas de Hoje editada pela Portugália.

A Urbano Tavares Rodrigues calhou o prefácio do livro sobre a poesia de Cochofel.

«Como Roger Vailland, a cujo ouvido a palavra patrão ressoava sempre como afronta à sua dignidade de homem, o autor de 48º Aniversário se rebela contra os hábitos e estereótipos de servidão, contra a imagem lôbrega de um povode negro trajado, mudo e vencido, mas dá-se conta, ao mesmo tempo, com honrada noção dos seus limites, daquilo que lhe assiste ou para que é fadado. Nada repugna mais ao poeta João José Cochofel do que adornar-se com penachos faustosos, qualquer que seja a cor dessas galas.

                                   Homem que sou

                                   no cárcere que é o nosso,

                                   sei o que sou,

                                   dou o sangue que posso.»

 

Cochofel, como autógrafo escolheu, do livro, um poema de Rondó:

 

Canta, ó amargura,

grito fértil do tempo.

Canta sem cessar

pela noite dentro

 

Não fere os ouvidos,

cantiguinha mansa.

Rói na clausura

a alface da esperança.

sexta-feira, 28 de março de 2025

POSTAIS SEM SELO


  …pode haver sempre uma luz, mesmo nos piores pesadelos.

Nuno Pacheco, da crónica no Público de hoje.