A América fica longe,
mas o que por lá vai acontecendo sabe-se no imediato minuto.
Algo temos como certo:
os estilhaços da eleição de Trump vão cair um pelas partes do mundo e,
principalmente, coloca esta frágil Europa, que já há algum muito tempo anda em
tempo de parto que fomos, ou deixámos (des)construir.
Daniel Oliveira no Expresso:
«Diz-se que os democratas abandonaram os trabalhadores brancos, mas o
que toda a gente ouve é a palavra “brancos”, não a palavra “trabalhadores”.
Essa é a grande vitória do trumpismo. Como se viu pelo comportamento eleitoral,
quando a condição social supera a identitária, trabalhadores hispânicos e
negros votam como os trabalhadores brancos. E, no entanto, continuamos a falar
como se o racismo e o sexismo de Trump fossem o maior segredo para a sua
vitória. Quando, num debate, em 2018, o instalado congressista democrata Joe
Crowley exibia o seu trabalho pelas minorias, Alexandria Ocasio-Cortez, a jovem
de 29 anos que o iria derrotar, não lhe recordou que era uma mulher
porto-riquenha. Disse-lhe: “O que está em causa não é a diversidade ou a raça,
é a classe.” Só que a palavra “classe”, ao contrário de “etnia” e “orientação
sexual”, passou a ter um peso ideológico que a tornou impronunciável. Esta é a
derrota histórica que deu à extrema-direita a hegemonia na classe trabalhadora
num dos países mais desiguais do mundo desenvolvido. De tal forma, que já nem
compreendemos um fenómeno eleitoral que nada tem de extraordinário.
Graça Castanheira no Público:
«Kamala resultou numa candidata programada, sem ginga ou swag, em oposição ao improviso
laranja e tagarela do seu rival. Não existiu assim uma sinceridade nova à qual
aderir, muito graças a esta recém-adquirida mania de arrastar o pé para a
direita, num medo parolo de se ser tomado por extremista, socialista, comunista,
radical, ou, mais recentemente, por woke.
Quando Kamala é acusada de “perigosa marxista”, podia ter esclarecido que
conhece mal o marxismo — o que deve ser verdade —, mas que a justiça social é
um imperativo universal e que ninguém, nenhum nome ou ideologia, se pode dela
apoderar. Em vez disso, distanciou-se de tudo o que pudesse figurar
ligeiramente à esquerda de si.
Harris, em lugar de se tentar distinguir como implacável promotora
pública que mandava resmas de homens maus para a prisão, tipo heroína
bidimensional da Marvel, podia ter construído uma figura apaixonada pela
justiça ao ponto de ter uma moral e uma sinceridade suas. Poderia ter
manifestado um ideário justo, esperançoso, com valores progressistas e
sarapintado de utopia. Se no cômputo geral isso lhe traria mais ou menos votos,
fica por saber. Uma vantagem seria certa: todos estaríamos hoje mais
preparados, unidos, animados e inspirados por uma “agenda” capaz de enfrentar o
que aí vem. Por mim, não se arreda o pé; seja na América ou na Câmara de
Loures.»
1.
Na zona euro o
património médio das famílias é de 434 mil euros enquanto em Portugal é de 295
mil euros. Por cada 100€ de rendimento disponível, as famílias portuguesas
poupam apenas 8€, valor que compara com 13€ de média na União Europeia.
2.
Mais de 12 mil
crianças não têm gagas no pré-escolar.
3.
No turismo algarvio
90% da mão-de-obra imigrante é do Brasil, India e Nepal.
De Janeiro a Agosto de 2024, as
contribuições dos imigrantes para a Segurança Social já somaram 2198 milhões de
euros. E, em prestações sociais – subsídios de desemprego, prestações
familiares ou de parentalidade, as mais comuns entre estes cidadãos – os
estrangeiros só receberam cerca de 380 milhões de euros. Ou seja, o saldo
positivo, nestes oito meses – de 1818 milhões de euros – é quase o mesmo que as
suas contribuições ao longo de todo o ano de 2022. Os dados, fornecidos ao
Público mostram ainda que em 2024 são as mesmas cinco nacionalidades que mais
contribuem para a Segurança Social: brasileiros, indianos, nepaleses,
cabo-verdianos e espanhóis. Nestes oito meses de 2024, os brasileiros foram os
maiores contribuintes, o que não surpreende, dado que representam a maior
comunidade de estrangeiros (são 35% do total de imigrantes): contribuíram com
824,5 milhões, ou seja, 37,5% do total. De seguida foram os indianos, com quase
145 milhões (estes cidadãos representam apenas 4,2% da população estrangeira).
Depois, em terceiro lugar no topo das contribuições, ficaram os cidadãos do
Nepal, com 93,147 milhões (são quase 3% dos estrangeiros), os de Cabo Verde,
com 83 milhões (são 4,68% dos estrangeiros), e os de Espanha com 70 milhões de
euros (são quase 2% dos estrangeiros).
4.
Susan Sarandon nunca deixou o activismo
político de lado, mesmo que este pudesse entrar em conflito com a sua carreira
de actriz. Sempre deixou a sua postura política evidente, o que culminou na sua
expulsão da agência que a representava.
Depois dos seus
comentários, a favor da causa Palestina, em Novembro de 2023, corre o sério
risco de não voltar a trabalhar em Hollywood.
Nunca pensem que Hollywood gosta do cinema, apenas se interessa por dinheiro.
5.
Um menino de seis anos morreu depois de ter sido atacado
pela cadela de raça rottweiler do avô paterno, em Chaves.