O Cego de Landim
Camilo Castelo
Branco
Capa: Bernardo
Marques
Colecção Mosaico nº 1
Edição de
Fomento de Publicações, Lisboa s/d
Foi há treze anos, em uma tarde calmosa de Agosto,
neste mesmo escritório, e naquele canapé que o cego de Landim esteve sentado.
São inolvidáveis as feições do homem. Tinha cinquenta e cinco anos, rijos como
raros homens de vida contrariada se gabam aos quarenta. Ressombrava-lhe no
semblante anafado a paz e a saúde da consciência. Tinha as espáduas largas;
cabia-lhe muito ar no peito; coração e pulmões aviventavam-se na amplidão da
pleura elástica. Envidraçava as pupilas alvacentas com vidros esfumados, postos
em grandes aros de ouro. Trajava de preto, a sobrecasaca abotoada, a calça
justa, e a bota lustrosa; apertava na mão esquerda as luvas amarrotadas e
apoiava a direita no castão de prata de uma bengala.
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