«Uma pessoa olha
para as sondagens e não acredita", diz Amélia. Acredite, Amélia, porque
isto não tem nada que saber, nascemos corruptos, crescemos amorais e morremos
cheios de virtudes. Portugal é, sempre foi, e não consta que venha a ser outra
coisa, um país de favorzinhos, amigos de seus amigos que desenrascam amigos,
país de chicos espertos. Isaltino Morais foi eleito na prisão e por aí anda a
fazer vídeos sobre rotundas e distribuir comentários na TV, Albuquerque
prepara-se para ter maioria absoluta e Montenegro cavalgará a onda. As pessoas
não querem saber de truques porque vivem de truques, são iguais, sentem-se
legitimadas e desculpadas quando aproveitam a cunha na junta de freguesia, nos
serviços camarários, na bicha do hospital, no banco & etc. Andámos anos
ajoelhados no beija-mão a Berardo, oferecemos maiorias a Sócrates e Cavacos
e tecnoformas e submarinos. Enfim, somos sensíveis a
licenciaturas por correspondência e plágios porque não é Doutor quem quer. Isso
nem pensar. Mas em sendo, pois que não seja parvo e desça ao nível da realidade
genérica e genética: está no adn português, os obséquios, as mercês, os
favorzinhos, as amabilidades, as simpatias, os amiguismos. Tudo isto com
sentido crítico e doutoramentos em axiologia e ética, que servem, bem sabemos,
para passarmos por quem não somos neste reino da hipocrisia.»
domingo, 6 de abril de 2025
BLOGUEANDO POR AÍ
O título da prosa é
«Sondagens» escrita por hmbf no seu Antologia do Esquecimento:
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