sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

PROMISCUIDADES...


Muito cedo resolvi o meu problema com as religiões.

A leitura de um calhamaço de 940 páginas, da Editorial Inquérito, “História das Religiões” de Chantepie De La Saussaye, abriu o caminho. 

Mais tarde “Porque Não Sou Cristão” de Bettrand Russell e, ainda mais tarde, a obra de Albert Camus deu o remate final:: “Odeio este mundo em que estamos reduzidos a Deus. A miséria impediu-me de acreditar que tudo é bom sob a luz do sol.”

Etapas mais do que suficientes para concluir que as religiões dividem mais do que unem.

Se Deus é sumamente bom e o seu poder não tem limite, como explicar a existência de todo o mal que assola o mundo?

Vejo-me a sorrir quando, em “Toda a Gente Diz Que Te Amo”, Woody Allen diz: “Nunca acreditei em Deus. Nunca, nem sequer em criança. Pensava: “Mesmo que exista, fez tão mal o trabalho que até admira que as pessoas não o tenham processado”.

Ou, como José Saramago resumiu: “Nascer, viver, morrer e acabou.”

Respeito a fé de cada um, mas poucos respeitam o facto de não ter fé,  o não acreditar em religiões.

Terei sempre que me indignar quando as gentes da Igreja Católica põem a pata na poça.

Há um fundamentalista, dá pelo nome de João César das Neves, e que, semanalmente, prega catequese no “Diário de Notícias”. Numa destas semanas fez sermão. Não resisto a transcrever uns pedacinhos. Claro que o mais elementar bom senso, não permite qualquer comentário:

“O tema hoje é... sexo. O que traz à discussão elementos curiosos e efeitos profundos. (…) O Papa não mudou de posição. A Igreja é contra o adultério, prostituição, promiscuidade e fornicação. Ensina que o sexo, uma das coisas mais maravilhosas que Deus fez, só deve ser vivido numa relação estável e fecunda no seio do matrimónio, sem barreiras artificiais contraceptivas. (…) A Igreja opõe-se às campanhas de promoção do preservativo, não por repúdio fanático do instrumento, mas porque esse meio, pretendendo proteger a saúde, promove a promiscuidade e aumenta o risco de sida.
A sociedade hoje anda viciada em libido, como de tabaco há anos. Castidade, pureza, fidelidade são incompreensíveis. Isso passa e voltaremos ao normal. Sabemos bem como delírios colectivos, a que assistimos tantas vezes e parecem imparáveis, se esfumam depois. O problema destas fúrias culturais está nos estragos que deixam”.

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