terça-feira, 21 de dezembro de 2010

QUANDO UM HOMEM QUISER


Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão.

E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão amigo, és meu irmão

Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser.
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer.

Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher


Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e combóios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão.

E tu que vês na montra a tua fome que eu não seif
atias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão amigo, és meu irmão.

José Carlos Ary dos Santos

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