domingo, 12 de dezembro de 2010

NATAL

Há um sapato pequeno para encher de brinquedos;
um sapatinho azul
como uma história antiga.

Há uma espera no olhar
da criança que espera
a sonhar cavaleiros e canções.

E os meus braços caem abertos,
paralelos à vida.

(As arcas da Índia
de sândalo e pérolas
ignoram a chama de um sapato frio.)

A noite envelheceu.
O sapatinho azul
(história antiga)
vazio de brinquedos,
cansado de sonhar,
adormece sem fé.

Fernando Guedes

Poema retirado de “Natal… Natais”, antologia de Oito Séculos de Poesia Sobre o Natal, organizada por Vasco Graça Moura, “Público”, Lisboa s/d

Legenda: Imagem de Gerard Dubois

Sem comentários: