Chegou ontem às 17,32, tempo do equinócio da Primavera, e por aqui ficará até ao dia 21 de Junho.
Faltam 285 dias para o final de 2010.
Guardei uma frase para uma saudação: o sol parece a canção do menino que saboreou aroma de baunilha, pela primeira vez, numa manhã de Primavera.
Li -a, há muitos anos, não sei onde, nem quem é o autor, mas sempre soube que um dia a escreveria num qualquer texto.
A frase fica mas o sol não apareceu.
Pior ainda: onze distritos do Norte e Centro de Portugal Continental estiveram sob aviso amarelo devido à chuva e vento forte.
E havia condições favoráveis à ocorrência de trovoadas.
As aves de arribação, que chegariam a Portugal durante este mês, vieram muito mais cedo e já há muito as andorinhas voam por aí, também os cucos e os rouxinóis.
Os especialistas dizem que se trata de mais um sinal das alterações climatéricas.
Hoje, um sol envergonhado passeou pela cidade , mas as previsões do Instituto de Meteorologia apontam para uma semana de céu cinzento, por vezes muito nublado, e aguaceiros.
Mas a Sagração da Primavera chegará.
“Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.”
Alberto Caeiro
Legenda: "Primavera", pintura de Sandro Botticelli
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