No dia em que contribuímos para que as médias-pequenas livrarias morressem, ficámos dependentes de colossos, como a FNAC, cujo único objectivo é o lucro a qualquer preço.
Jorge Silva Melo, numa crónica a que chamou “Já Fechou a Livraria”, incluída no seu “Século Passado”, conta que uma pequena livraria abriu um dia em Campo de Ourique mas não chegou a estar aberta um ano.“Por que não fui interlocutor solidário daquela senhora que efectivamente ousou e foi vencida? Por que hei-de perdoar-me a mim? Não foi isso mesmo o que eu disse àquele pequena livraria? Que não a queria? Que não me servia para nada? Que lhe prefiro a Internet e as fnacs? Se a pequena livraria fechou, fui também eu que a fechei".
O Orson Welles dizia que, no tempo das grandes superfícies, chegará o dia em que iremos ter saudades do merceeiro da nossa rua.
Há dias soube-se que a “Leya” guilhotinou milhares de livros. Na discussão e indignação que se gerou, Maria Teresa Horta lamentou a destruição pela Bertrand Editora, do seu livro “A Paixão Segundo Constança H” que ela julgava esgotado.
Neste país que não lê, publicam-se demasiados livros, quarenta por dia, ao que dizem e a maior parte é lixo.
Há livros que chegam a estar apenas duas a três semanas nas livrarias, mas como não têm procura são devolvidos.
As livrarias, principalmente as grandes superfícies, tornaram-se meros entrepostos de novidades e apenas estão interessados naqueles que se vendam bem . Estão neste caso os livros "escritos" por um qualquer futebolista, um qualquer treinador de futebol, um qualquer pivot de televisão, um qualquer político,um qualquer vendedor de banha-de-cobra, não importa o que dizem, se têm ou não qualidade.
Estes são os livros que não regressam aos armazéns da editora. Ficam semanas e semanas nos tops.
Leio em “A Bola”, que acaba de sair “Os Mandamentos de Jesus” escrito por Rui Pedro Brás.
Ao que diz a notícia, o livro conta as origens humildes do treinador Jorge Jesus, as suas histórias e fala também de tácticas.
Não terei qualquer dúvida que se amanhã entrar numa livraria encontrarei montanhas de “Os Mandamentos de Jesus”, que dado todo o vento que sopra em redor do clube e do treinador, se vão vender desalmadamente.
Nessa mesma livraria se perguntar por um livro, por exemplo, de Carlos de Oliveira, ou José Gomes Ferreira, a resposta é um “não temos” e como não querem chatices, adiantam logo que está esgotado.
Não está esgotado, encontra-se, apenas, a apodrecer num qualquer armazém dos subúrbios. Passados os prazos legais serão guilhotinados.
É este o triste destino a que os amantes dos livros estão condenados quando, numa livraria, procuram um livro que não esteja anunciado na TV, que não tenha sido bolsado por uma qualquer arvela do “jet-set”.
Jorge Silva Melo, numa crónica a que chamou “Já Fechou a Livraria”, incluída no seu “Século Passado”, conta que uma pequena livraria abriu um dia em Campo de Ourique mas não chegou a estar aberta um ano.“Por que não fui interlocutor solidário daquela senhora que efectivamente ousou e foi vencida? Por que hei-de perdoar-me a mim? Não foi isso mesmo o que eu disse àquele pequena livraria? Que não a queria? Que não me servia para nada? Que lhe prefiro a Internet e as fnacs? Se a pequena livraria fechou, fui também eu que a fechei".
O Orson Welles dizia que, no tempo das grandes superfícies, chegará o dia em que iremos ter saudades do merceeiro da nossa rua.
Há dias soube-se que a “Leya” guilhotinou milhares de livros. Na discussão e indignação que se gerou, Maria Teresa Horta lamentou a destruição pela Bertrand Editora, do seu livro “A Paixão Segundo Constança H” que ela julgava esgotado.
Neste país que não lê, publicam-se demasiados livros, quarenta por dia, ao que dizem e a maior parte é lixo.
Há livros que chegam a estar apenas duas a três semanas nas livrarias, mas como não têm procura são devolvidos.
As livrarias, principalmente as grandes superfícies, tornaram-se meros entrepostos de novidades e apenas estão interessados naqueles que se vendam bem . Estão neste caso os livros "escritos" por um qualquer futebolista, um qualquer treinador de futebol, um qualquer pivot de televisão, um qualquer político,um qualquer vendedor de banha-de-cobra, não importa o que dizem, se têm ou não qualidade.
Estes são os livros que não regressam aos armazéns da editora. Ficam semanas e semanas nos tops.
Leio em “A Bola”, que acaba de sair “Os Mandamentos de Jesus” escrito por Rui Pedro Brás.
Ao que diz a notícia, o livro conta as origens humildes do treinador Jorge Jesus, as suas histórias e fala também de tácticas.
Não terei qualquer dúvida que se amanhã entrar numa livraria encontrarei montanhas de “Os Mandamentos de Jesus”, que dado todo o vento que sopra em redor do clube e do treinador, se vão vender desalmadamente.
Nessa mesma livraria se perguntar por um livro, por exemplo, de Carlos de Oliveira, ou José Gomes Ferreira, a resposta é um “não temos” e como não querem chatices, adiantam logo que está esgotado.
Não está esgotado, encontra-se, apenas, a apodrecer num qualquer armazém dos subúrbios. Passados os prazos legais serão guilhotinados.
É este o triste destino a que os amantes dos livros estão condenados quando, numa livraria, procuram um livro que não esteja anunciado na TV, que não tenha sido bolsado por uma qualquer arvela do “jet-set”.
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