Os dias de piolho deram-me gostos e gentes para toda uma vida.
Filmes de visão garantida eram Charlot, os “Três Estarolas”, “Bucha & Estica”, Abott & Costello" e a dupla Jerry Lewis & Dean Martin. Sei que falta aqui o Pamplinas, mas acontece que os seus filmes rareavam nas matines dos domingos.
O dia em que lá em casa apareceu Dean Martin a cantar “Volare” fiquei com um cantor para sempre. Canastrão qb, enredado em fios mafiosos com Sammt Davis Jr. Frank Sinatra, chamam-lhe todos os nomes, mas o velho Dino é muito cá de casa “That’s Amore”.
De Jerry Lewis só muito mais tarde lhe apanhei o talento. Quando miúdo, Jerry apenas me fazia rir porque não tinha eu artes para lhe alcançar os voos. “Pintores e Raparigas” de Frank Tashlin é um filme que nunca deixo de rever. Porque também por lá anda, em início de carreira uma pequena de que muito gosto: Shirley MacLaine, já antes deliciosa e bem humorada no seu primeiro filme, não mais que "OTerceiro Tiro” de Alfred Hitchcock.
Poderia falar desse “must” que dá pelo nome de “Rei da Comédia” de Martin Scorsese com Jerry e Robert De Niro, mas só sairiam banalidades.
Jerry Lewis é um dos muitos injustiçados da Academia de Hollywood, mas eu já disse que a Academia é um ninho de vermes que têm pelo cinema ideias e dentimento que ninguém consegue perceber. Nos últimos anos desatou a resolver a sua ignorância com uns Prémios Honorários, quando actores e realizadores estão quase com os pés para a cova. Jerry Lewis recebeu-o em 2009.
Jerry Lewis, de seu nome Joseph Levitch, faz hoje 85 anos e é um dos últimos moicanos dos tempos do “meu cinema” Jean Luc Goddard com aquela dose de atrevimento que tanto o caracteriza, disse um dia que Jerry é muito melhor que Charles Chaplin e Buster Keaton.
Parabéns, Mr. Jerry Lewis.
Legenda: Fotograma de “Pintores &Raparigas” de Frank Tashlin
1 comentário:
Dean Martin também é cá dos meus.
Principalmente, por causa de uma canção que me cativou em criança: "Return to Me"
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