Todos os Anos Pela Primavera
Luís de Sttau Monteiro
Guimarães Editores
Lisboa, Novembro 1963
Primeiro preso – Você está aqui há sessenta e sete dias sozinho? (Senta-se e enterra a cabeça nas mãos) Meu Deus!
Segundo Preso – Não há Deus
Primeiro Preso – Não há…
Segundo preso (interrompendo) – Não. (Pausa) Não há Deus.
Primeiro preso – Então o que há?
Segundo preso – Filhos da puta, bandidos, o que você quiser… mas Deus não: Deus é coisa que não existe.
Primeiro preso – Para mim existe.
Segundo preso – Se Deus existe, está tudo perdido, tudo.
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