Com este título Pedro Correia assina hoje, no “Delito Comum”, um texto comovente, um texto muito bonito.
Pode ser que a morte seja mais tranquila do que os nossos fantasmas murmuram. Mas sabemos que se pode morrer, mesmo quando não há razões aparentemente suficientes para isso.
O meu pai gostava de citar o Woody Allen, que não tinha medo da morte mas preferia não estar presente quando ela chegasse ao mesmo tempo que lembrava o Maiakovski a exigir a um qualquer químico do Futuro: “A primeira coisa que farás é ressuscitar-me, a mim que tanto amava a vida”
Acabou por se distrair e a morte, vestida não se sabe com que cor, surpreendeu-o.
A outra certeza é que não há químicos do Futuro, mas continuo a ouvir os clássicos, que volta e meia por aqui passam, com o meu pai.
E num click regresso àquele banco à porta da casa de Almoçageme,
Pouco falávamos, ouvíamos música num velho leitor de cassettes. O meu pai bebia o seu Whisky, eu, gin-tónico.
O cheiro das uvas morangueiras da parreira do quintal.
O silêncio.
Sem comentários:
Enviar um comentário