Há dias o nosso viajante Seve, perante uma frase do Eugénio Lisboa, que aqui colocámos, comentava:
«Realmente uma coisa estranha: entrar numa casa e não
ver um Livro.»
Sabermos que uma enorme parte dos portugueses não
perceberem mais do que simples frases – por vezes nem isso…é quase um pesadelo.
Sabermos que a entrada da extrema-direira no parlamento português deriva do estado de incultura, de quase analfabetismo do povo que somos, é a continuação desse pesadelo que há longos anos nps persegue e a que não vemos qualquer fim.
No Público de 29 de Dezembro do passado ano, poderia
ler-se:
«Só 4% dos adultos demonstraram capacidade de
“compreender e avaliar textos longos e densos de várias páginas, entender
significados complexos ou ocultos e utilizar conhecimentos prévios para compreender
textos e realizar tarefas.
Perceber uma taxa ou um rácio? Ler e compreender um texto longo e com muita
informação? Estas são competências que mais de 40% dos portugueses entre os 15
e os 65 anos não têm. O Inquérito às Competências dos Adultos, da OCDE, publicado
a 10 de Dezembro, é uma má notícia para Portugal e surpreendeu pela negativa.
Naquela que foi uma estreia nesta grande avaliação a mais de 30 países,
Portugal está no fim da tabela — pior só o Chile. E, na Europa, os portugueses
são os que têm mais dificuldades.»
António Guerreiro no Público de 10 Janeiro escrevia:
«Uma coisa importante a fazer seria começar pela crítica ao próprio conceito de “literacia”, a toda a lógica que o envolve, e aos efeitos que a obsessão pela literacia produz. A “crise da literacia” foi diagnosticada com grande preocupação nos Estados Unidos, nos anos 80 do século passado. Trata-se de uma questão de “competência” (outra palavra-fetiche) numa área restrita. Pode-se ser muito competente na leitura de Proust e, no entanto, não ser dotado da mínima competência informática, o que, nosso tempo, será considerado como uma forma de analfabetismo. É verdade que a literacia testada no inquérito da OCDE, agora divulgado, diz respeito à compreensão e interpretação de frases simples e à “competência” para efectuar operações aritméticas elementares. Mas não faltam especialistas nesta matéria que nos dizem que é por a escola estar cada vez mais focada em literacias específicas que ela produz cidadãos iletrados.»
Sem comentários:
Enviar um comentário