quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

CONVERSANDO

 Há dias o nosso viajante Seve, perante uma frase do Eugénio Lisboa, que aqui colocámos, comentava:

«Realmente uma coisa estranha: entrar numa casa e não ver um Livro.»

Sabermos que uma enorme parte dos portugueses não perceberem mais do que simples frases – por vezes nem isso…é quase um pesadelo.

Sabermos que a entrada da extrema-direira no parlamento português deriva do estado de incultura, de quase analfabetismo do povo que somos, é a continuação desse pesadelo que há longos anos nps persegue e a que não vemos qualquer fim.

No Público de 29 de Dezembro do passado ano, poderia ler-se:

«Só 4% dos adultos demonstraram capacidade de “compreender e avaliar textos longos e densos de várias páginas, entender significados complexos ou ocultos e utilizar conhecimentos prévios para compreender textos e realizar tarefas.
Perceber uma taxa ou um rácio? Ler e compreender um texto longo e com muita informação? Estas são competências que mais de 40% dos portugueses entre os 15 e os 65 anos não têm. O Inquérito às Competências dos Adultos, da OCDE, publicado a 10 de Dezembro, é uma má notícia para Portugal e surpreendeu pela negativa. Naquela que foi uma estreia nesta grande avaliação a mais de 30 países, Portugal está no fim da tabela — pior só o Chile. E, na Europa, os portugueses são os que têm mais dificuldades.»

António Guerreiro no Público de 10 Janeiro escrevia:

«Uma coisa importante a fazer seria começar pela crítica ao próprio conceito de “literacia”, a toda a lógica que o envolve, e aos efeitos que a obsessão pela literacia produz. A “crise da literacia” foi diagnosticada com grande preocupação nos Estados Unidos, nos anos 80 do século passado. Trata-se de uma questão de “competência” (outra palavra-fetiche) numa área restrita. Pode-se ser muito competente na leitura de Proust e, no entanto, não ser dotado da mínima competência informática, o que, nosso tempo, será considerado como uma forma de analfabetismo. É verdade que a literacia testada no inquérito da OCDE, agora divulgado, diz respeito à compreensão e interpretação de frases simples e à “competência” para efectuar operações aritméticas elementares. Mas não faltam especialistas nesta matéria que nos dizem que é por a escola estar cada vez mais focada em literacias específicas que ela produz cidadãos iletrados.»

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