Éramos muito novos. Nesse ano, julgo que não dormi sequer uma noite. Mas tinha um amigo que dormia ainda menos do que eu, e certas manhãs víamo-lo já a passear diante da estação, à hora a que chegam e partem os primeiros comboios.
Tínhamo-lo deixado, noite alta, à porta de casa;
Pieretto dera mais uma volta, assistira realmente ao nascer do Sol, bebera um
café. Agora observava as caras ensonadas dos varredores e dos ciclistas. Já não
se lembrava das nossas conversas: continuando acordado, tinha-as digerido, e
dizia tranquilamente:
- Faz-se tarde. Vou-me deitar.
Cesare Pavese em O Diabo Sobre as Colinas
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