íamos por noites de ciclone largar a tristeza
à porta marítima das tabernas... éramos a sombra
que mancha o tampo da mesa oscilante
falávamos alto como fazem os marinheiros
bebíamos até cair
conheço este homem
debruçado para o rosto indeciso do rapaz
perguntava se havia algum mal no que fazia
eu olhava a televisão pedia mais vinho
interrogava-me
que secretos desejos teriam singrado
com aquele navio carregado de morte?
e a cidade crescia noite adiante sob a tempestade
os passos ecoavam apressados pelo cais
– Como te chamas? perguntou
mas o rapaz não respondeu... e nada em redor
tremeluzia
o homem levantou-se
indiferente à revelação da alba titubeou tossiu
apoiado no magro ombro do rapaz
desapareceram pelas ruas estreitas do mar
entre redes cordas quilhas e remos
onde se embarca para o medo esquecido de mais um dia
Al Berto de Alguns Poemas da Rua do Forte em O Medo
Sem comentários:
Enviar um comentário