A
António Cabral,
no quinto aniversário da sua morte
Aquele que trazia uma
vinha guardada
na gaveta da alma de
mais fácil acesso
e sempre aberta – não pode
ter morrido.
Para facilitar, digamos
que emigrou
com juras de algum dia
regressar,
voltar a ver o rio,
afagá-lo
como se afagam as cãs
de um velho pai.
Felizmente para nós,
não pôde levar na mala
breve
os seus papéis, os seus
livros, a viola
que dedilhava em
pensamento
e nos fazia dedilhar a
nós.
De modo que, enquanto
não regressa,
a sua voz continua a
nosso lado,
indicando caminhos,
desbravando
matagais que ocultam a
esperança.
A.M.
Pires Cabral em Gaveta do Fundo
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