Fernando Relvas morreu aos 63 anos, resultado de excessos e sabe-se lá mais o quê, coisas que
acompanham a vida de artistas.
Conhecemos o
Relvas no tasco que a Aida teve em Almoçageme. Ele vivia por lá, num palheiro
que funcionava como atelier e tudo o resto.
Um tipo divertido que um dia perguntou à Aida se permitia que contactasse alguns clientes para lhes fazer o retrato que acontecia numa folha A4 e as tintas eram o tinto que o tasco vendia em pipos. Relvas beneficiava de um desconto que o tasco fazia a artistas, mas necessitava de mais alguns tostões para pagar a renda do palheiro, bem como outras sobrevivências.
Como escreveu
João Paulo Cotrim:
«Há um síndroma
Relvas: o talentoso boémio indisciplinado e irascível que não consegue cumprir
um prazo, acabar uma história, fixar-se num estilo, publicar um álbum. Uma
espécie de metáfora da banda desenhada em Portugal, que, com pequenas
alterações, vai funcionando como álibi para justificar o Estado das Coisas.
Como na maioria das ideias feitas, a parte da verdade senão está morta
moribundou-se.»
Diálogo tirado
de um Auto-Retrato:
«No meio disto
podemos dizer que a tua sobrevivência não tem sido fácil…
-Não tem, não senhor.
Mas desenvolveu aquele teu outro grande talento que é o de conseguir viver com pouco dinheiro.
- Não sei se isso será propriamente um grande talento…»
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