sábado, 12 de dezembro de 2015

SUMMER WIND


Na biografia não autorizada escrita por Kitty Kelley, a páginas 363, depois de ter sido agraciado pelo Clube de Variedades da Califórnia do Norte por «serviços prestados às crianças do mundo inteiro, Frank disse que, sendo um adulto extremamente privilegiado, devia ajudar as crianças desprotegidas e contou uma história que o comoveu muito.

Numa visita a uma criança de seis anos, que era cega.

Estava bastante vento, e eu afastei-lhe o cabelo dos olhos e disse que o vento estava a levantar-lhe os cabelos. Fiquei sem saber o que dizer quando ela me perguntou: «De que cor é o vento?»

Ruy Belo, poeta português, provavelmente, também nunca soube a cor do vento, mas sabia o seu preço:

Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto

O mesmo com Irene Lisboa, uma tão esquecida escritora portuguesa, que, provavelmente, também não sabia a cor do vento, mas entendia-o:

Já no Monte Agudo – pelos meus dezassete anos – eu queria dizer qualquer coisa ao vento. Rapariga solitária, demasiado solitária, impressionava-me o vento, a lua e outras coisas mais. Mas também sei, não esqueci que me achava incapaz de dizer o que queria ou sequer, de entender o que o vento me sugeria. O vento é um companheiro. As vozes acompanham-nos. Cortam o absoluto silêncio, a atonia e a calma do calado.”

Mas Sinatra sabia do Vento de Verão e cantou-o como só ele sabia cantar, tão suave como um tocador de flauta a chamar por alguém.

Sem comentários: