Na biografia não
autorizada escrita por Kitty Kelley, a páginas 363, depois de ter sido
agraciado pelo Clube de Variedades da Califórnia do Norte por «serviços
prestados às crianças do mundo inteiro, Frank disse que, sendo um adulto
extremamente privilegiado, devia ajudar as crianças desprotegidas e contou uma
história que o comoveu muito.
Numa visita a
uma criança de seis anos, que era cega.
Estava bastante vento,
e eu afastei-lhe o cabelo dos olhos e disse que o vento estava a levantar-lhe
os cabelos. Fiquei sem saber o que dizer quando ela me perguntou: «De que cor é
o vento?»
Ruy Belo, poeta
português, provavelmente, também nunca soube a cor do vento, mas sabia o seu preço:
Está hoje um dia de vento e eu gosto do vento
O vento tem entrado nos meus versos de todas as
maneiras e
só entram nos meus versos as coisas de que gosto
O vento das árvores o vento dos cabelos
o vento do inverno o vento do verão
O vento é o melhor veículo que conheço
Só ele traz o perfume das flores só ele traz
a música que jaz à beira-mar em agosto
Mas só hoje soube o verdadeiro valor do vento
O vento actualmente vale oitenta escudos
Partiu-se o vidro grande da janela do meu quarto
O mesmo com Irene
Lisboa, uma tão esquecida escritora portuguesa, que, provavelmente, também não
sabia a cor do vento, mas entendia-o:
Já no Monte Agudo – pelos meus dezassete anos – eu
queria dizer qualquer coisa ao vento. Rapariga solitária, demasiado solitária,
impressionava-me o vento, a lua e outras coisas mais. Mas também sei, não
esqueci que me achava incapaz de dizer o que queria ou sequer, de entender o
que o vento me sugeria. O vento é um companheiro. As vozes acompanham-nos.
Cortam o absoluto silêncio, a atonia e a calma do calado.”
Mas Sinatra
sabia do Vento de Verão e cantou-o como só ele sabia cantar, tão suave como um
tocador de flauta a chamar por alguém.
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