Há 30 anos, abria a primeira loja Continente.
Vem sempre à
baila O Fogo e as Cinzas do Manuel da Fonseca, um dos inolvidáveis
começos de livros da literatura portuguesa:
Antigamente o largo era o centro do mundo.
José Saramago deixa a nula apetência por centros comerciais, no romance A Caverna.
O centro comercial
ocupa um espaço exagerado, no quotidiano das pessoas.
Acabou-se a praça, o
jardim ou a rua, como espaço público de convívio, de afectos.
O Jornal de
Notícias perguntou ao escritor e jornalista César Príncipe o que o irritava
profundamente:
Um país de grandes superfícies comerciais e de
pequenas superfícies culturais.
António Lobo
Antunes, numa das suas crónicas, fala dos passeios nos centros comerciais, aos
domingos, depois do almoço:
Aos domingos a seguir ao almoço visto o fato de treino
roxo e verde e os sapatos de ténis azuis, a Fernanda veste o fato de treino
roxo e verde e os sapatos de salto alto do casamento, subo o fecho éclair até
ao pescoço e ponho o fio de ouro com a amedalha por fora, a Fernanda sobe o
fato de treino e põe os dois fios de oro com a medalha e o colar da madrinha
por fora, tiramos o Roberto Carlos do berço, metemos-lhe o laço de cetim branco
na cabeça, saímos de Alverca, apanhamos os meus sogros em Santa Iria da Azóia e
passamos o domingo no Centro Comercial.
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