O governo anterior não fez nada sobre o Banif porque
não sabia o que fazer. Mas o novo ministro das Finanças diz outra coisa. Ontem,
Mário Centeno relacionou a não atuação do governo de Passos com "factos
como o fecho do programa de ajustamento e as eleições". Isto é, eles
adiaram a solução do Banif de forma a não incomodar a "saída limpa"
(da intervenção da troika) e para "limparem" as eleições. A acusação
é assassina. Centeno diz que governantes desgovernaram para tirar proveito. Com
a troika, apresentando um mérito que não tiveram; na campanha, escondendo uma
falha. Porém, eis o meu ponto, há falta maior. Mais grave é a notória
ineficácia dos portugueses com as finanças. No topo, incapacita na gestão de
bancos e do país. E isso está para lá da trafulhice, é mais fundo do que o
roubo. Não podem, não sabem. Nem poupar nem investir. E, sobre este assunto,
não vamos lá com alternâncias em que os maus são sempre os do mandato
precedente. A base da impotência? Somos todos pais daquele miúdo da música pimba
que estouraram o que ele ganhou, compraram carros de jantes de liga leve e não
deram educação nem dentes corretos ao filho. Seria útil termos a consciência de
que em questão de gerir dinheiro o pé foge-nos para a chinela. O que mais falta
a este país - que num século se apaixonou por dois mestres de finanças, ambos
medíocres - é apresentar contas certas (limpas e produtivas). Quando isso
acontecer, podemos criticar o outro.
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