Espero do leitor que abra um livro de poesia como se
abre uma caixa de fósforos: fazendo a cada poema o que se faz quando se risca
um fósforo, para que ele se acenda e o seu fogo ilumine ou incendeie quem o lê.
E é isso que eu, colocando-me na posição de leitor, espero de um poema: a
capacidade de revelar nas palavras e nas imagens a música, a interrogação, a
inquietação, mas também a percepção daquilo a que chamei "o mistério da
beleza". É isso que procuro quando escrevo, tentando captar na
convergência dos ventos os sinais de que a poesia continua a abrir horizontes
surpreendentes num permanente convite à viagem para dentro e para fora de nós.
Nuno Júdice
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