Julian Barnes
Tradução: Ana Maria
Amador
Capa: Rogériio Petinga
Quetzal Editores,
Lisboa, 1984
Talvez houvesse mais outra coisa. Algumas pessoas, quando envelhecem,
parecem ficar mais convencidas da sua própria importância. Outras ficam menos
convencidas. Há algum significado na minha existência? A minha vida vulgar não
terá ficado resumida, encerrada, esvaziada de sentido pela vida um pouco menos
vulgar de outra pessoa? Não estou a dizer que é nosso dever negarmo-nos face ao
que julgamos mais interessantes. Mas a vida, neste aspecto, é parecida com a
leitura. E como disse antes, se todas as nossas reacções a um livro já foram
duplicadas e alargadas por um crítico profissional, então qual é o interesse de
lermos? Apenas o facto de ser a nossa leitura. Da mesma maneira, para quê
vivermos a nossa vida? Porque é nossa. E se uma tal resposta se tornar
gradualmente menos convincente?
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