quinta-feira, 15 de agosto de 2019

SARAMAGUEANDO


Verão, Agosto, feriado católico dito da Assunção da Virgem Maria ao céu.

Como seriam as tardes de Verão de José Saramago na sua casa da Parede onde começou a viver a partir de 1955?

Em 1956 fez-se sócio do Clube Nacional de Ginástica com o número 488, dedicando-se a praticar ténis.


Casado com a pintora Ilda Reis têm uma filha, Violante, que, narra a Joaquim Vieira ter  «a memória de que a casa onde vivia era diferente da das outras crianças, pela quantidade de livros que o pai para lá levava e de quadros que a mãe pintava.»

Anos de desassossego, incerteza profissional.

Complicações familiares e profissionais que o colocaram à beira de um colapso nervoso que o deixou «positivamente arrasado», como diz em carta, datada de 24 de Fevereiro de 1963, para Jorge de Sena.

Um romance com fraquíssima aceitação por parte dos leitores e da crítica, um segundo romance perdido no armazém de uma editora, outros romances iniciados e nunca terminados.

«Serei eu um dia um escritor?»

Agustina Bessa-Luís, numa entrevista, dirá que José Saramago não é um grande escritor, apenas o produto de diversas circunstâncias.

Saramago replicará: «Mesmo que eu demoradamente explicasse, Bessa-Luís não compreenderia que nunca pretendi ser um grande escritor, mas um escritor simplesmente.»

A Rua Trindade Coelho, na Parede, é uma rua sossegada. Ainda seria mais na época em que Saramago por ali viveu.

A rua fica próxima da estação do comboio.

Saramago nunca teve carro. 

Muito perto vivia Fernando Lopes Graça e sempre tiveram um pelo outro uma grande amizade não só  pela sua militância no Partido Comunista mas também pela via intelectual.

Joaquim Vieira diz que a casa era um rés-do chão no nº 2 da Rua Trindade Coelho mas esse número, hoje, não existe. A rua começa no nº 12.

Após o casamento de Violante em 1970, Saramago divorcia-se de Ilda Reis, e após 15 anos, abandona a casa da Parede e vem viver para Lisboa.

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