José Saramago: Rota de Vida
Joaquim Vieira
Capa: André
Serante
Livros
Horizonte, Lisboa, Novembro de 2018
Como director-adjunto do Expresso, com a
responsabilidade editorial do seu primeiro caderno, convidei José Saramago em
1993 para escrever uma crónica de jornal todas as semanas.
(…)
Confesso, porém, que ao fazer-lhe a proposta, tinha na
cabeça outro pensamento que guardei para mim): «Este tipo qualquer dia vai
ganhar o Nobel da Liteartura, e nesse momento será muito prestigiante para o
Expresso tê-lo já como colunista.»
(…)
José Saramago nunca viria a escrever no Expresso. O
director entendeu que a prosa de um comunista, todas as semanas, na primeira ou
na última página – era esse o desejo do romancista – seria uma marca demasiado
forte num jornal de tradição liberal. Creio que até trocou impressões sobre o
assunto com o proprietário, Francisco Pinto Balsemão, que terá também abominado
a ideia. Percebo as reservas: a avaliar pelo que o escritor, na qualidade de
editorialista, dissera em 1975, seria imaginar que se tivesse nesse ano o poder
executivo era bem provável que tentasse aniquilar o Expresso. Há coisas difíceis
de indultar, mesmo a um potencial Nobel. Esta não é a história de um anjo, mas
também não é a de um demónio.
Da introdução de
Joaquim Vieira
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