segunda-feira, 22 de abril de 2019

OLHAR AS CAPAS


O Número dos Vivos

Hélia Correia
Capa: João Carlos Albernaz
Relógio d’Água, Lisboa, Dezembro de 1982

- Não sei se gosto dele – segredava no quarto, de luzes apagadas, quando as duas faziam confidências.
- Quando ele estiver longe, logo a menina vê se gosta ou não. É para isso que servem as saudades.
Romana suspirava, virava-se na cama:
- Não sei. Bem precisava de saber.
- Se fosse agora o tempo das fogueiras, já se podia ver. É quando a gente sabe se vai casar ou não.
- Como?
- Com clara de ovo. Num copo cheio de água. E com uma alcachofra. Também dá.

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