segunda-feira, 29 de abril de 2019

UMA QUASE INCAPACIDADE DE ESCREVER


Chegamos ao fim da Leitura da correspondência trocada entre António Ramos Rosa e Jorge de Sena.
É um livro admirável, comovente, acima de tudo pelas cartas escritas por António Ramos Rosa.
Ramos Rosa tinha uma profunda consideração e amizade por Jorge de Sena.
No Natal de 1975 manda-lhe um postal:

«Meu caro Jorge de Sena:

Escrevo-lhe estas duas linhas com as quais quero testemunhar-lhe toda a minha grande amizade que não quero seja silenciada de todo pela minha inércia ou quase incapacidade de escrever. Tenho livros meus para lhe enviar, o último da poesia completa, da Plátano, e um poema Ciclo do Cavalo, muito diferente do que tenho escrito até agora. Ter-lhe-ia enviado os anteriores da Plátano? Receio que, pelo menos, o Animal Olhar não tenha seguido.
Recomende-me à Mécia e creia-me sempre o seu amigo muito grato que muito o admira e estima

António Ramos Rosa»

De Jorge de Sena, não há mais cartas.
Apenas uma de Mécia de Sena, datada de 8 de Fevereiro de 1977, em que agradece a Ramos Rosa os livros enviados e aproveita para informar que «o Jorge vai arribando devagarinho.»
A 25 de Março de 1976 Jorge de Sena sofrera um ataque cardíaco.

O livro fecha-se com o cartão que António Ramos Rosa, e sua mulher Agripina, enviam a Mécia de Sena após a morte de Jorge de Sena ocorrida a 4 de Junho de 1978:

«Mécia, querida amiga:

Sentimos dolorosamente, que as palavras são inexpressivas.
Estamos consigo, profundamente.»

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