Berlim.
Um respirar de arte, cultura antiguidade, sentir, sabe-se
lá porquê, que estamos mesmo na Europa.
As Portas de Brandeburgo, o passar pelo Checkpoint
Charlie, a procura do que foi o tal muro, a Aida para um alemão, mapa na mão,
“por favor, muro de Berlim?” e só mais tarde, muito tarde mesmo, encontraremos um pedaço de muro.
Billy Wilder’s Café-Bar, Sony Center, Potsdammer Strasse 21075 Berlin.
Ir a Roma e não ver o Papa?
Ir a Berlim e não entrar no «Wilder’s Bar»?
Coisas que se dizem.
Ver o Papa nunca iria, mas em Berlim, por Junho de 2005, uma manhã radiosa, entrámos porta dentro para uma cerveja, com dois dedos
de espuma, ao balcão, e ficar a olhar as paredes.
Sem apetecer sair dali.
A tentativa, vã tentativa, de encontrar o hotel, no outro
lado de Berlim, que aparece no «Um, Dois, Três», maravilhoso, empolgante filme
de Billy Wilder.
O Luís Miguel Mira bem tentou, deu voltas e voltas para
localizar o hotel, e quando o Miguel não consegue, não vale a pena mais alguém
fazer qualquer esforço.
O tal hotel que foi «Potemkine», também «Bismark» e, em
tempo de Heil Hitler, se chamava «Goering».
O resto é lembrar a fabulosa sequência nesse tal hotel, cena
antológica das muitas de Billy Wilder, em que Ingeborg se mostra esplendorosa e
escultural, com aquele justinho vestido às bolinhas vermelhas, o filme é a
preto e branco, mas terão de ser vermelhas as bolinhas, numa dança maluca, em
cima da mesa cheia de champanhe, vodka e caviar, rodeada por um turba de
bêbados, tão maluca a dança, o frenesim infernal, que o retrato de Krustchev
baloiça e cai, revelando que escondia o retrato de Estaline.
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