Era suposto percorrermos os atalhos bravios,
iniciarmo-nos nas artes de farejar e perseguir os bichos, dominarmos as
secretas linguagens das árvores. Todavia, Zacaria esquivava-se a ser nosso
mestre. O que queria era contar histórias de caça, falar sem conversar,
escutar-se a si mesmo para deixar de ouvir os seus fantasmas. Mas nós
reclamávamos por outros motivos de conversação.
- Fale-nos do nosso passado.
- Minha vida é coisa de toupeira: quatro buracos. Quatro
almas. Que conversa vocês querem?
- Da nossa mãe, dos namoros dela com o pai.
- Isso não, isso nunca.
Mia Couto em
Jesusalém
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