terça-feira, 12 de outubro de 2010

ÓPERA NO COLISEU


Em Lisboa a ópera representava-se em São Carlos, mas depois descia até ao Coliseu, sempre com lotações esgotadas, o que, claramente, desmentia o alegado desinteresse da populaça pela arte, pela cultura, para grande desgosto dos politiqueiros daquele tempo, dos parvos e dos ricaços.

Do ambiente bafiento de peles, smokings, jóias e perfumes ,dos espectáculos de ópera em São Carlos, não reza a história, mas não é difícil imaginar que a esmagadora maioria se borrifavam para o espectáculo e apenas queriam pavonear-se pelos corredores, num triste e desesperante circo de vaidades.

A 24 de Abril de 1974 Joan Sutherland, interpretou “La Traviata” no Coliseu dos Recreios. Com ela actuaram o tenor Alfredo Kraus, o barítono Giorgio Zancanaro, acompanhados pela Orquetsra Filarmónica de Lisboa dirigida pelo maestro Richard Bonynge.

Depois de uma enorme e prolongada ovação, quando os espectadores começaram a sair, do Coliseu, já João Paulo Dinis, aos microfones da Rádio Peninsular dos Emissores Associados de Lisboa”, pusera a rodar “E Depois do Adeus” de Paulo de Carvalho, já José Afonso, na Rádio Renascença entoara “Grândola Vila Morena", já era 25 de Abril de 1974.

Numa crítica, não assinada, o “Diário de Notícias” de 26 de Abril de 1974, destacava:

“A memorável récita de ontem à noite no Coliseu dos Recreios com “La Traviata” de Verdi, vai, certamente ficar no historial do palco do Coliseu, onde a tradição operática não é um mito, e no das temporadas populares de ópera que o Teatro Nacional de São Carlos, de há muito ali vem realizando, e nos quais se contam autênticos êxitos, como um dos momentos de maior expressividade e relevo que neles se tem verificado e registado.
A grande artista Joan Sutherland – um nome agora revelado ao nosso público – voltou a ser, como em São Carlos, uma “Violeta” extraordinária em voz, em nusicalidade, em estilo e sentido dramático; uma “Violeta” excepcional, a que o tenor Alfredo Kraus – outra grande figura do canto eda cena lírica, sublinhou a sua já conhecida interpretação do “Alfredo Germont.”

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