O Valentim era
um alentejano que vendia, aos fim- de-semana, naquela curva da Azoia que depois
se encaminha para a estrada do cabo da Roca, produtos hortícolas que cultivava
num pedaço de terreno que tinha junto à barraca em que vivia. Era um
conversador nato, coisas da vida, nunca da vidinha, e, nestes dias, que já são
prenúncio do Verão que há-de chegar, lembro-me de uma frase sua:
«Beber água entristece.»
2 comentários:
Sobretudo para quem gosta de vinho...
Caro Seve: o dizer-se «beber água entristece» só pode vir de alguém que gosta muito de vinho. Era o caso do Valentim, dizia que diariamente transportava um enorme sequeiro. Mas era um maravilhosos contador de histórias e ao mesmo tempo tinha um enorme orgulho no que fazia, e eu, desde que deixei Almoçageme, não mais voltei a sentir o verdadeiro sabor dos pepinos, dos pimentos, dos tomates, dos coentros, da hortelã, do feijão verde, das favas, das ervilhas, das couves que o Valentim, com amor, cultivava no seu pedaço de terra.
A falta que esses sabores me fazem!
Mas deixei Almoçageme e o Valentim também já não caminha entre nós.
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