domingo, 2 de junho de 2019

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


«The Kid» chegou a Vila velha com o título de «O Garoto de Charlot»
Se o Cinematógrafo Ideal e o diligente Jerónimo Fonseca haviam registado êxitos históricos – desde a já citada «Viagem à Lua» e de «Os Crimes de Diogo Alves», aos burlescos de Mack Sennett e às primeiras cowboiadas de Tom Mix – a entrada em cena de Charlie Chaplin e Jackie Coogan conquistou para o cinema-espectáculo a Vila Velha de todas as classes e idades. Tendo rido facilmente com os primeiros gags daquele sujeito de bigodinho, coco, bengala e pé de lado, a Vila nunca imaginara que ele a fizesse chorara. E, sendo as lágrimas um dos sais da vida, vila Velha verteu-as com gosto e abundância, aplaudindo calorosamente a obstinação e bravura daquele pai a salvar o filhinho do asilo. Meninas e mulheres feitas fungaram e ensoparam os lenços e a muitos homens de barba dura se molharam os olhos e se oprimiu o peito.
Na noite seguinte, O Pedro Neves chamou a atenção, durante a aula de leitura da Philarmónica, para o facto de o filme demonstrar bem a miséria que ia pela América, as desigualdades que lá se viviam, e, de um modo geral, a crueldade da sociedade capitalista.

Álvaro Guerra em Café República

3 comentários:

Luis Eme disse...

É uma vergonha, Sammy.

Quase todos os políticos se fingem de "mortos", há pelo menos décadas. Só não percebo o porquê, não é um daqueles temas que lhes possa trazer "milhões" para os bolsos.

Os seus defensores tiveram o cuidado de que o novo acordo começasse a ser ensinado nas escolas (com os respectivos manuais), para depois terem a desculpa de que os "meninos já aprenderam assim... e agora já não se pode mudar."

Luis Eme disse...

(comentei no texto errado. Falo do acordo ortográfico...)

SAmmy, o paquete disse...

Não há problema, por aqui, todos os caminhos vão dar onde queremos.
Já não devia acontecer, mas espanto-me como foi possível um disparate deste calibre. De como há gente das faculdades, editores e escritores, gente que me habituei a respeitar, que sejam seus defensores.
Há no disparate coisas abomináveis.
E a história dos manuais e das criancinhas, que o Luís refere, é a chantagem, que nos lançam e em que nos querem pôr a pensar. Ridículos!...
Brinquem às políticas, ao que quiserem, mas deixem em sossego a língua portuguesa.