A Aida frequenta
muito esses vãos de escada que, em alguns bairros populares, vendem de tudo:
livros, discos, cassettes, toda uma série de objectos que as pessoas consideram
inutilidades e deles se desfazem.
Numa dessas incursões,
encontrou um EP de Frankie Laine, cantor que já ninguém ouve, e outros nem
sabem quem seja, e que era um dos cantores favoritos do meu pai, um dos seus
clássicos.
Recordo que lá por
casa existiam uns discos da Philips denominados “Popular Favourites”:
orquestras e cantores norte-americanos. Um pouco por aqui, o meu pai
encaminhou-me para o gosto por “crooners” e “big
bands”.
Desses “Popular
Favourites” nenhum exemplar chegou aos dias de hoje.
Por um tempo
aniversariante, de há dois anos, uma cortesia de amigos embrulhou-me
num concerto do José Cid no “Maxime”. Ainda hoje as minhas
noites são desassossegadas. Com amigos destes, os meus eventuais inimigos são
um doce de crianças.., bom, adiante.
Acontece que
numa das vitrinas do “Maxime”, mesmo ao lado do Bar,
encontravam-se, em exposição, diversos objectos de outros bons tempos e um
desses objectos, era a capa do nr. 5 dos “Popular Favourites”.
A sala escura, a
não possibilidade, por causa dos reflexos, de usar “flash”, não permitiram que a
fotografia fosse um tanto mais explícita. Mas ainda se consegue perceber que,
neste “Popular Favourites” passeavam-se, entre outros, Doris Day,
Johnny Ray, o trompetista Harry James, Rosemary Clooney, Frankie Laine, a
orquestra de Xavier Cugat.
Foi nesta
colecção que ouvi, pela primeira vez, canções que ainda hoje me
acompanham: “Mack The Knife” pelo Louis Armstrong, “Sixteen
Tons” pelo Frankie Laine, outras, muitas, que a parte adormecida do
meu cérebro já não consegue vislumbrar.
Por
terças-feiras de feira da ladra, amarguras, ilusões, trapos, cacos,
contradições, tenho procurado exemplares destes “Popular
Favourites”, até hoje sem sucesso.
Frankie Laine é
um senhor de outras músicas, de outros tempos, é ele que, nesse maravilhoso Gunfight at the O.K. Corral ,que em
português se chamou Duelo de Fogo, com o Kirk Douglas, o Burt Lancaster,
a Rhonda Fleming, e o que o meu pai gostava da Rhonda Fleming, canta o tema musical composto por Dimitri Tiomkin.
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