Elas crescem em segredo, as crianças. Escondem-se no mais oculto da casa para serem gado bravio, bétula branca.
Chega um dia em que estás descuidado a olhar o rebanho que regressa com
a poeira da tarde, e uma delas, a mais bonita, aproxima-se me bicos de pés,
diz-te ao ouvido que te ama, que te espera sobre o feno.
A tremer, vais buscar a caçadeira, e passas o resto da tarde a atirar
sobre as gralhas, inumeráveis, àquela hora.
Eugénio de Andrade em
Memória Doutro Rio
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