Madrugada Sangrenta
Hartley Howard
Tradução:
Fernanda Pinto Rodrigues
Capa: Lima de
Freitas
Livros do
Brasil, Lisboa s/d
- Continuo a pensar que foi uma pena, senhor
inspector, mas suponho que tem razão.
O inspector sorriu e viu as horas.
- Se tenho razão, é a primeira vez em muito, muito
tempo – comentou. – Que lhe parece, sargento, se fizermos às nossas respectivas
e respeitáveis esposas a surpresa de ir para casa cedo?
- Parece-me que é uma boa ideia. Ultimamente a minha
anda a dizer que os pequenos me veriam mais se eu fosse marinheiro…
- A minha prefere mostrar-se distante quando eu chego
tarde para jantar. A sua única saudação é: «Está no forno.»
Já à porta, o sargento Coe observou:
- Não creio que tenhamos grande razão de queixa,
comparados com alguém que conhecemos…
- Quem?
- Um fulano chamado Ratchford. Aposto que a mulher o
espicaçará até ao fim dos seus dias, Tinha razão ao afirmar que ouvira dois
tiros, e nunca mais o deixará esquecer esse facto.
- Todos nós temos a nossa cruz, sargento… A minha, actualmente,
são equações quadráticas… e como se isso não chegasse, há ainda uma coisa
fantástica chamada cálculo…
- Esta noite tem trabalho para casa, senhor inspector?
- receio bem que sim. E você?
- Vou ver televisão. Vejo sempre, às terças-feiras, se
consigo chegar a casa a tempo.
- Qual é o programa?
Um sorriso iluminou as feições coriáceas de Coe, que
respondeu:
- Um destes mistérios policiais em que o inspector
nunca se engana… Boas noites.
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